Gonçalves, Raquel QuirinoRosa, Mislene Aparecida Gonçalves2023-09-182018-02-27https://repositorio.cefetmg.br/handle/123456789/453A presente pesquisa se insere na “Linha II: Processos Formativos em Educação Tecnológica” do Programa de Pós-Graduação em Educação Tecnológica do CEFET-MG, que focaliza questões da área trabalho-educação nos contextos socioeconômico e político-cultural, destacando os processos históricos e culturais, as relações entre as mudanças societárias, a educação e o mundo do trabalho. Nesse contexto, busca desvelar a interlocução entre a divisão sexual do trabalho e a ergonomia na indústria têxtil, e, a partir daí demonstra a importância da variável sexo/gênero nos estudos sobre o trabalho e a ergonomia. Para realizala recorreu-se às construções teóricas da Sociologia do Trabalho Francesa, presentes no conceito da divisão sexual do trabalho como base material das relações sociais de sexo/gênero, bem como nas abordagens da ergonomia. A pesquisa de campo foi realizada em uma empresa do ramo de têxtil situada na Região metropolitana de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais. Todos os dados quantitativos e qualitativos foram coletados e analisados nos documentos disponibilizados pela empresa, nas observações in loco e em entrevistas semiestruturadas com os gestores e as trabalhadoras das áreas operacionais. A investigação foi categorizada em três aspectos: (i) divisão sexual do trabalho na indústria têxtil; (ii) a relação entre trabalho produtivo e trabalho reprodutivo no âmbito doméstico; e (iii) ergonomia. A articulação dessas categorias de análise tornou possível a aproximação do objeto de estudo: a interlocução existente entre a divisão sexual do trabalho e a ergonomia no setor industrial têxtil. A análise dos resultados revela uma marcada segregação por gênero na empresa com um contingente maior de mulheres no setor de fiação e nos cargos de auxiliar e operadora, enquanto os homens destacam-se no setor de beneficiamento/acabamento e manutenção, assim como nos cargos de chefia e comando. Constatou-se que na concepção da empresa e das próprias trabalhadoras existe trabalho de homem e trabalho de mulher, que requerem aptidões diferenciadas. As mulheres são requisitadas para tarefas/funções consideradas “leves” e que demandam habilidades manuais, como destreza e perfeição na execução de detalhes ou para operar máquinas, num trabalho simples e repetitivo. A paciência, a docilidade e a disciplina também são elementos considerados positivos da força de trabalho feminina. A preferência por trabalhadores homens para outras tarefas/funções é justificada com argumentos nos quais aparece frequentemente a necessidade de força física. No entanto, mesmo no setor de fiação, majoritariamente feminino, são os homens que ocupam os cargos/funções mais qualificados e estão nas tarefas que requerem, além de força física, conhecimento técnico e comando. As mulheres são mais aceitas nas tarefas que exigem maior cuidado e atenção, principalmente atividades de limpeza e verificação de conformidade em detalhes. Os resultados apontaram para um silenciamento das relações sociais de gênero no setor industrial têxtil, sobretudo quando se analisa as condições ergonômicas das atividades na perspectiva de uma classe trabalhadora sexuada, o que dificulta essa interlocução.ptA divisão sexual do trabalho na indústria têxtil: interlocuções com a ergonomiaThesis2023-09-18Educação e trabalhoDivisão do trabalhoMulheres - TrabalhoIndústria têxtilErgonomia