Silva, Giani DavidCaeiro, Leila Marli de Lima2025-05-132021-11-12https://repositorio.cefetmg.br//handle/123456789/1435O objetivo deste estudo é compreender como os sujeitos que trabalham em lixões se apresentam e são representados, discursivamente, nos documentários Boca de lixo (COUTINHO, 1992), Estamira (PRADO, 2004) e Aterro (REIS, 2011). Para tanto, construímos uma contextualização abordando a história dos documentários como um gênero híbrido, que se encontra a meio caminho entre o documento e a fabulação, devido à sua estrutura, intermediada entre o artístico, o fílmico e o informativo. Como pilares teórico-metodológicos, recorremos à Análise do Discurso (AD), a partir da Teoria Semiolinguística (TS), de Charaudeau (2013a; 2013b; 2014), que nos forneceu um corpo de conceitos e de categorias, acompanhado de um quadro metodológico, capaz de nos guiar na investigação. Assim, os estudos sobre os sujeitos no discurso, os imaginários sociodiscursivos, o contrato de comunicação e os modos de organização do discurso dos documentários são basilares para nossa análise. A AD, por ser um campo interdisciplinar, permite uma interface com outras áreas do conhecimento que dialoguem com os Estudos da Linguagem. Nossas análises apontaram que os três documentários brasileiros mostram distintas dinâmicas de registro da vida dessas pessoas, e os documentaristas, ao visibilizarem esses sujeitos em sua singularidade, lançaram mãos de estratégias para firmar um posicionamento político e ideológico, do qual todo discurso é portador. Nesse sentido é que se mostrou interessante analisar esses documentários, que se configuram como mecanismos de referência de um memorial sócio-histórico e que dão a conhecer um pouco sobre essas existências mínimas, relegadas à margem social, geográfica, econômica e política. Ressaltamos que os sujeitos entrevistados nos documentários se apresentam e são representados em sua singularidade e não na totalidade de um grupo social, fazendo com que cada documentário assuma um lugar de afirmação da diversidade de experiências, identidades e linguagens. A visibilidade dada ao sujeito do discurso, por meio de sua voz, corpo e presença, fomenta o interesse pela história desse outro que vive em um lugar que parece ser possível de acessarmos apenas de forma mediada. Nossas conclusões indicam que as mulheres protagonizam as narrativas nos documentários e fazem uso da memória, como ferramenta de resgate de suas histórias, e ao visitar o passado, elas buscam imprimir sentido ao tempo presente. Por meio dessa narrativa, esse sujeito sócio-histórico se (re)constitui em seu ambiente de trabalho e doméstico, a partir dos modos de existência nesses espaços em que (sobre)vive. Os aterros e lixões, como lugares para onde são levados os restos recolhidos dos grandes centros urbanos, caracterizam-se ainda como espaços em que diferentes memórias se correlacionam. De um lado, tem-se a memória e história daquele que descartou o objeto; de outro, a memória daquele que, ao se encontrar com esse objeto descartado, ressignifica-o e, assim, ressignifica sua própria história. O documentário, assim, representa o dispositivo no qual essas memórias e histórias foram resgatadas e registradas, constituindo-se, portanto, em uma memória externa dessas narrativas.ptO sujeito no lixo: uma análise transversal da representação das protagonistas em documentáriosTese2025-05-13Análise do discursoDocumentário (Cinema)Aterro (Filme)Boca de lixo (Filme)Estamira (Filme)