Entre a subversão e a violência: a resistência discursiva nos relatos de si do livro Elza, sob a ótica da Análise Crítica do Discurso
| dc.contributor.advisor | Silva, Renato Caixeta da | |
| dc.contributor.advisorLattes | http://lattes.cnpq.br/5061546427251909 | |
| dc.contributor.author | Barros, Bruna Fernandes | |
| dc.contributor.authorLattes | http://lattes.cnpq.br/5579151973636625 | |
| dc.contributor.referee | Morais, Argus Romero Abreu de | |
| dc.contributor.referee | Carmo, Cláudio Márcio do | |
| dc.contributor.referee | Silva, Giani David | |
| dc.contributor.referee | Arão, Lilian Aparecida | |
| dc.date.accessioned | 2025-05-07T11:30:47Z | |
| dc.date.available | 2025-05-07T11:30:47Z | |
| dc.date.issued | 2024-04-29 | |
| dc.description.abstract | Pensar os estudos de gênero é, essencialmente, pensar mulheres, suas vivencias, limitações e práticas. Assim como Beauvoir reconhece a mulher como o outro, aquele que precisa ser nomeado, pois foge à norma, que seria ser homem, o gênero feminino seria o único marcado, aquele para o qual o próprio conceito de gênero se torna necessário. Se entendemos que o homem seria o não-gênero, a norma, o branco seria então a não-raça. Esta lógica da branquitude como padrão é discutida por Schwarcz em seus trabalhos. Portanto, se a mulher é marcada por ser mulher e a pessoa negra por sua negritude, a mulher negra é marcada duplamente, seu corpo é negado duas vezes.Esse percurso pode ser acompanhado estatisticamente na história, na atualidade e é ilustrado por meio da biografia de Elza Soares. A cantora foi um ícone internacional, de um talento reconhecido por grandes críticos musicais em todo mundo, mas precisou lutar até o fim para ser reconhecida como tal. Na vida pessoal, Elza também sofreu violências, por ser negra, por ser mulher, por ser pobre. Foi obrigada a se casar ainda adolescente, a cuidar de seus filhos na miséria e a superar violências também dentro de casa. Mesmo depois de conhecer a fama, Elza precisou travar batalhas por todas suas conquistas e se provar muito mais do que outros artistas consolidados na mesma época que a sua.No entanto, esse estudo não é sobre a luta em si, mas sobre a resistência, esta que está contida em muitas lutas, mas, para além disso, antecipa-se a todas elas. Por meio do discurso de resistência, Elza conta sua história, sem glória permanente, repleta de pequenas e grandes vitórias e derrotas. Ler Elza Soares, a partir do livro Elza (2018), de Zeca Camargo, pode ser uma forma de começar a ler inúmeros sujeitos, em especial mulheres negras, entender suas complexidades que vão além de sua formação social, mas que atravessam seu íntimo e sua construção como indivíduos. Cada pessoa possui um mundo em sua história, a de Elza Soares parece apresentar a força e a complexidade de uma galáxia.A fim de estudar esse território discursivo, trago autores como Collins (2009) para compreender a relação da mulher negra no mundo, Foucault (1996, 2004) e Butler (2019) para entender a relação do sujeito com o mundo e si mesmo, Arfuch (2010), Lejeune (2008) e Arendt (2000) a fim de conversar sobre biografia, autobriografia e seus atravessamentos nos sujeitos, entre outros. Para realizar a análise aplicando a Análise Crítica do Discurso, Fairclough (1989, 1992, 2009, 2017) e Martin e Rose (2007) embasam a estrutura teórico-metodológica e as categorias de análise.Este estudo é direcionado pelo objetivo geral de analisar o ato de relatar a si mesma como um processo dialético no livro Elza, com base em pressupostos da Análise Crítica do Discurso em consonância com estudos sobre resistência, poder, e autobiografia. E, para atingir tal objetivo, determino outros três objetivos específicos: definir a relação entre a ACD, a metodologia dialético-relacional e os recursos de significação a fim de embasar a análise discursiva; definir biografia, autobiografia e seus enredamentos, atravessando história, política e sociedade; e definir resistência discursiva a partir dos conceitos de discurso, resistência e poder.Por fim, busco responder à questão: Qual a relação entre a resistência discursiva e a construção do sujeito pela narrativa (de si) na obra biográfica Elza, de Zeca Camargo? Hipoteticamente, afirmo que o sujeito resiste pela narrativa, seja na narrativa do mundo contada para si mesmo, ou até mesmo da noção de si. E, se considerarmos que nossa visão de mundo está diretamente associada a quem pensamos que somos, podemos considerar que a narrativa, em geral, é indissociável do sujeito. No caso de Elza Soares, arrisco dizer que a resistência a constitui tanto quanto sua capacidade de mudança e adaptação e que, apesar de talvez não existir um eu fixo nomeável imutável, é exatamente nessa capacidade do reconhecimento de ser sem nunca de fato ter sido que reside a resistência. | |
| dc.description.abstractother | Thinking about gender studies is, essentially, thinking about women, their experiences, limitations and practices. Just as Beauvoir recognizes women as the other, the one who needs to be named, as it goes beyond the norm, which would be to be a man, the female gender would be the only one marked, the one for which the very concept of gender becomes necessary. If we understand that man would be non-gender, the norm, then white would be non-race. This logic of whiteness as a standard is discussed by Schwarcz in her works. Therefore, if the woman is marked for being a woman and the black person for her blackness, the black woman is marked twice, her body is denied twice.This path can be statistically followed in history, in the present and is illustrated through Elza Soares’ biography. The singer was an international icon, a talent recognized by the majority of music critics around the world, but she had to fight until the end to be recognized as such. In her personal life, Elza also suffered violence, for being black, for being a woman, for being poor. She was forced to get married as a teenager, to take care of her children in poverty and also to overcome violence at home. Even after achieving fame, Elza had to fight battles for all her achievements and prove herself much more than other consolidated artists from the same period.However, this study is not about the fight itself, but about the resistance, which is contained in many fights, but, in a certain way, anticipates them all. From the speech of resistance, Elza tells her story, without permanent glory, full of small and big victories and defeats. Reading Elza Soares, on the book Elza (2018), by Zeca Camargo, can be a way to start reading countless subjects, especially black women, to understand their complexities that go beyond their social background, but that cross their intimate and their construction as individuals. Each person has a world in their story, Elza Soares' seems to present the strength and complexity of a galaxy.In order to study this discursive territory, I present authors such as Collins (2009), to understand the relationship of black women in the world, Foucault (1996, 2004) and Butler (2019), to understand the relationship of the subject with the world and himself, Arfuch (2010) and Arendt (2000) in order to talk about biography, autobriography and their crossings in the subject, among others. To perform the analysis based on Critical Discourse Analysis, Fairclough (1989, 1992, 2009, 2017) and Martin & Rose (2007) offer the theoretical-methodological structure and categories of analysis.This study is directed by the general objective of analyzing the act of giving an account of oneself as a dialectical process in the book Elza, based on assumptions of the Critical Discourse Analysis in line with studies on resistance, power, and autobiography. And, to achieve this objective, I determine three other specific objectives: defining the relationship between CDA, the dialectical-relational methodology and the resources of meaning in order to support the discursive analysis; defining biography, autobiography and their entanglements, crossing history, politics and society; and defining discursive resistance based on the concepts of discourse, resistance and power.Finally, I seek to answer the question: What is the relationship between discursive resistance and the construction of the subject through the narrative (of oneself) in the biographical work Elza, by Zeca Camargo? Hypothetically, I claim that the subject resists through the narrative, whether in the narrative of the world told to themselves, or even the notion of self. And, if we consider that our worldview is directly associated with who we think we are, we can consider that the narrative, in general, is inseparable from the subject. In the case of Elza Soares, I dare say that resistance constitutes her as much as her capacity for change and adaptation and that, despite the fact that perhaps there is no fixed, nameable self, it is exactly in this capacity of the recognition of being without ever actually being that resides the resistance. | |
| dc.identifier.uri | https://repositorio.cefetmg.br//handle/123456789/1354 | |
| dc.language.iso | pt | |
| dc.publisher | Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais | |
| dc.publisher.country | Brasil | |
| dc.publisher.initials | CEFET-MG | |
| dc.publisher.program | Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens | |
| dc.subject | Soares, Elza, 1930-2022 - Biografia | |
| dc.subject | Análise crítica do discurso | |
| dc.subject | Resistência | |
| dc.subject | Poder | |
| dc.subject | Narrativas pessoais | |
| dc.title | Entre a subversão e a violência: a resistência discursiva nos relatos de si do livro Elza, sob a ótica da Análise Crítica do Discurso | |
| dc.type | Tese |
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