Trabalho docente no ensino remoto emergencial durante a pandemia de Covid-19: vivências de professoras da educação básica da Região Metropolitana de Belo Horizonte
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Data
2024-04-10
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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Resumo
Durante a pandemia do covid-19, diversas mudanças fizeram-se necessárias no mundo do trabalho, sobretudo no que diz respeito às modalidades e espaços de sua realização. Devido à necessidade do isolamento social, a fim de minimizar a proliferação do vírus e a consequente contaminação da população em massa, foi implementado o trabalho remoto realizado em casa, mediado por tecnologias digitais – o chamado home office – em diversas áreas profissionais. Dessa forma, o espaço público e externo, no qual se dá o trabalho produtivo e assalariado, migrou para o espaço privado, no qual se realiza um trabalho não remunerado e dedicado à reprodução das condições de existência, o trabalho doméstico. Dois ambientes distintos, nos quais a divisão sexual do trabalho e as relações sociais de sexo/gênero se desenvolvem, foram transformados em um só. Especificamente no trabalho docente na Educação Básica, em que pese sua já propalada precarização, desvalorização e feminização, a implementação do Ensino Remoto Emergencial (ERE) resultou numa sobrecarga para a mulher professora-mãe-esposa-dona de casa coma realização de uma prática educativa à distância, mediada por tecnologias digitais pouco usuais nas escolas públicas, bem como o entrelaçamento imprevisto dos seus espaços de trabalho público e doméstico. Desvelar como esse momento foi vivenciado pelas professoras, seus impactos, desafios e dificuldades, estratégias de resistência e de enfrentamento, diante do trabalho múltiplo e simultâneo, da inusitada transformação de seus espaços públicos e privados em um só e da necessidade compulsória de utilização de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) no processo educativo, é o que se pretende nesta pesquisa. Busca-se aqui a compreensão e um repensar da formação e do trabalho docente frente a situações imprevistas, à utilização compulsória e não planejada de tecnologias digitais como ferramentas para o ensino-aprendizagem e à divisão sexual do trabalho doméstico das docentes. A pesquisa teórico-empírica teve uma abordagem qualitativa, cujas participantes foram professoras da Educação Básica que atuam nos Ciclos I e II, da Rede Pública Municipal de Educação de Belo Horizonte, entrevistadas presencialmente com a orientação de um roteiro semiestruturado. Posteriormente, trechos dos discursos das entrevistadas foram selecionados e analisados à luz das teorias sobre Formação e Trabalho Docente e da Divisão Sexual do Trabalho. Evidenciou-se, com base nos relatos dessas experiências, que o município não deu às professoras condições ideais para a realização da docência a distância, tais como subsídios financeiros para a aquisição de aparatos tecnológicos, bem como treinamentos adequados para a utilização de mídias digitais. Os impactos na saúde das professoras também foram sentidos de maneira contundente, com crises de estresse e ansiedade, em razão das pressões experienciadas nesse período o qual causou grande impacto na prática educativa das professoras durante a pandemia.
Descrição
Palavras-chave
Ensino a distância, Trabalho docente, COVID-19, Pandemia de, 2020-2023, Ensino remoto, Divisão sexual do trabalho