Bolsonaro fala à nação: o conflito discursivo na construção de um simulacro populista

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dc.contributor.advisorDavid, Giani
dc.contributor.advisorLatteshttp://lattes.cnpq.br/8863282319980625
dc.contributor.authorSoares, Joarle Magalhães
dc.contributor.authorLatteshttp://lattes.cnpq.br/9316890112573582
dc.contributor.refereeMendes, Paulo Henrique Aguiar
dc.contributor.refereeSanglard, Fernanda Nalon
dc.contributor.refereeSilva, André Luiz
dc.contributor.refereeAndrade, Antônio Augusto Braico
dc.date.accessioned2025-03-28T12:14:55Z
dc.date.available2025-03-28T12:14:55Z
dc.date.issued2024-09-10
dc.description.abstractA pesquisa tem como propósito verificar de que maneira o discurso filiado à extrema direita internacional foi institucionalizado por Jair Bolsonaro no exercício da Presidência do Brasil. O político de carreira, com 28 anos de atuação no Congresso Nacional, venceu as eleições de 2018 com uma retórica vulgar, ofensiva e antissistema, sustentada em desinformação e fake news, que foi vista como parte de um discurso autêntico, em uma percepção ingênua e perigosa para aqueles que viram esse movimento como uma ameaça ao sistema democrático. A investigação parte de uma discussão sobre a relevância desse comportamento transgressor na condução das ações governamentais. Ele deveria ser colocado em segundo plano ou ser considerado como fator constituinte da maneira do presidente governar? De que forma essa estratégia discursiva foi legitimada e utilizada para dar credibilidade às declarações oficiais dirigidas à nação? Tendo como perspectiva norteadora a Teoria Semiolinguística e os estudos do discurso político de Patrick Charaudeau, a busca pelas respostas se deu a partir da análise de um conjunto de oito pronunciamentos do ex-presidente, transmitidos em cadeia nacional de rádio e televisão, entre 2019 e 2022. Por meio de um esquema metodológico, elaborado a partir da estrutura do ato de linguagem, foram traçados dois fluxos analíticos para caracterizar a situação de comunicação e apontar os efeitos de sentido nela gerados. Foi demonstrado que o sujeito comunicante (EUc) busca projetar para o destinatário (TUd) um enunciador formado, principalmente, por dois fluxos geradores de efeitos de sentido: o político (mais associado ao ethos pré-discursivo, formatado pela rede interdiscursiva filiada à extrema direita) e o presidencial (associado à liturgia do cargo e moldado pelos termos firmados no contrato de comunicação). O trabalho resgata o contexto político e social no qual se deram os atos enunciativos para apontar os principais sentidos que caracterizam o ethos, o pathos, os imaginários e os elementos pré-validantes deste contrato. A pesquisa também apresenta, nos dois primeiros capítulos, um apanhado histórico que resgata fatores determinantes para entender a ascensão da extrema direita no país e as influências do tecnopopulismo, do negacionismo e do neofascismo na política bolsonarista. Ao final do estudo, considerando o resultado dos gestos analíticos, propõe-se um método para visualizar como o discurso de Jair Bolsonaro foi erguido a partir de imaginários populistas e estratégias de manipulação adotadas para mascarar as suas reais intenções. O ex-presidente imprimiu sentidos que fizeram suas falas oficiais transgredirem o contrato pré-estabelecido. Uma transgressão que não ocorreu de maneira estética, mas discursiva. Se, por um lado, Bolsonaro não se expressou de forma vulgar e agressiva; por outro, recorreu aos imaginários formadores de seu jeito autêntico. Emergiu dos pronunciamentos representações e características do discurso populista filiado à extrema direita, que acabaram representando um reforço institucionalizado a ideias autoritárias e antidemocráticas. A partir dos principais fatores identificados na análise do corpus, foi possível constatar como o ex-presidente, na condução das ações governamentais, fundamentou seus discursos majoritariamente em crenças subjetivas, deixando em segundo plano o pragmatismo que poderia guiá-lo em situações de crise. O trabalho aponta como Bolsonaro, portando-se como um agente de impostura, desvirtuou os pronunciamentos com a finalidade de legitimar um simulacro populista.
dc.description.abstractotherThe research aims to examine how the discourse affiliated with the international far-right was institutionalized by Jair Bolsonaro during his presidency in Brazil. A career politician with 28 years of experience in the National Congress, Bolsonaro won the 2018 elections with a vulgar, offensive, and anti-establishment rhetoric, grounded in disinformation and fake news. This rhetoric was perceived as part of an "authentic" discourse, a naive and dangerous view for those who saw this movement as a threat to the democratic system. The investigation begins by discussing the relevance of this transgressive behavior in guiding governmental actions. Should it be set aside or considered a constituent factor in how the president governed? How was this discursive strategy legitimized and used to lend credibility to official statements directed at the nation? Guided by the Semiolinguistic Theory and Patrick Charaudeau's studies on political discourse, the search for answers was conducted through an analysis of eight speeches delivered by the former president, broadcast on national radio and television between 2019 and 2022. Through a methodological framework developed based on the structure of the speech act, two analytical approaches were outlined to characterize the communication situation and highlight the effects of meaning it generated. It was demonstrated that the communicating subject (I-c) seeks to project an enunciator to the recipient (You-d), primarily formed by two streams that generate meaning effects: the political (more associated with the pre-discursive ethos, shaped by the interdiscursive network affiliated with the far-right) and the presidential (associated with the liturgy of the office and shaped by the terms set in the communication contract). The study revisits the political and social context in which these enunciative acts took place to highlight the main meanings that characterize the ethos, pathos, imaginaries, and pre-validating elements of this contract. In its first two chapters, the research also presents a historical overview, outlining key factors to understand the rise of the far-right in the country and the influences of technopopulism, denialism, and neofascism in Bolsonaro's politics. By the end of the study, based on the results of the analytical gestures, a method is proposed to visualize how Jair Bolsonaro's discourse was constructed through populist imaginaries and manipulation strategies designed to mask his true intentions. The former president instilled meanings that led his official speeches to transgress the pre-established communication contract-a transgression that occurred not aesthetically, but discursively. While Bolsonaro did not express himself in a vulgar and aggressive manner in these speeches, he still drew upon the imaginaries that shaped his "authentic" persona. The speeches revealed representations and characteristics of the far-right populist discourse, ultimately institutionalizing authoritarian and anti-democratic ideas. From the key factors identified in the corpus analysis, it became evident how the former president, in the conduct of governmental actions, based his speeches primarily on subjective beliefs, setting aside the pragmatism that could have guided him in times of crisis. The study shows how Bolsonaro, acting as an agent of imposture, distorted the speeches to legitimize a populist simulacrum.
dc.identifier.urihttps://repositorio.cefetmg.br//handle/123456789/1009
dc.language.isopt
dc.publisherCentro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
dc.publisher.countryBrasil
dc.publisher.initialsCEFET-MG
dc.publisher.programPrograma de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens
dc.subjectBolsonaro, Jair, 1955-
dc.subjectDiscurso político
dc.subjectPopulismo
dc.subjectComportamento manipulativo
dc.subjectAnálise do discurso
dc.titleBolsonaro fala à nação: o conflito discursivo na construção de um simulacro populista
dc.typeTese

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