A representação discursiva da mulher nas canções de autoria feminina: uma análise semiolinguística dos imaginários sociodiscursivos na MPB (1970-2020)
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Data
2022-12-22
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Editor
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Resumo
O objetivo deste trabalho é compreender como são construídos os imaginários sociodiscursivos nas canções de autoria feminina, considerando, principalmente, os modos de organização do discurso, presentes na teoria semiolinguística de Patrick Charaudeau. A relevância do nosso tema se deve às limitações impostas à participação da mulher como compositora pela indústria fonográfica. Além de terem sido silenciadas e pagadas na historiografia até a década de 1940, as mulheres são quase sempre associadas a produções lírico-amorosas, o que faz parecer que seus interesses estão restritos a este campo. De modo a compreender as condições de produção desse conjunto discursivo, recorremos às contribuições da crítica feminista, apoiadas nos estudos de Del Priore (2021), Saffioti (1987), bem como nos estudos de Stuart Hall (2016) sobre representação, discurso e identidade. Outros referenciais, na crítica da música brasileira, especialmente sobre a condição da mulher no contexto musical, completam a lista indispensável para a compreensão da música como um fenômeno sociocultural, é o caso de Santa Cruz (1992), Murgel (2011), López (2003), entre outros. Para escolha das compositoras, utilizamos os critérios constantes no catálogo MPB Mulher (2006): a) originalidade e qualidade estética; b) tamanho e extensão da produção; c) permanência no mercado; d) relevância histórica. Devido à limitação do período abrangido pelo catálogo, com uma única edição publicada em 2006, acrescentamos o critério de indicação ou premiação no Grammy Latino para as compositoras apresentadas após aquele período. Para análise, fizemos o recorte de canções produzidas entre as décadas de 1970-2020, que tratam de temas relacionados ao corpo, ao amor, às relações humanas e socioeconômicas e são escritas somente por enunciadora(s). Observamos, assim, que mesmo em composições de temáticas lírico-amorosas, são perceptíveis as estratégias linguístico-discursivas na reelaboração dos imaginários sociais que possam elevar aquelas temáticas a um patamar político de discussão, no qual a mulher possa ser o sujeito de suas reivindicações e subjetividades.
Descrição
Palavras-chave
Compositoras, Discurso, Imaginário, Música popular brasileira