Programa de Pós Graduação em Estudos de Linguagens - POSLING
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Navegando Programa de Pós Graduação em Estudos de Linguagens - POSLING por Assunto "Capitalismo Artista"
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Item Graus de independência/dependência (GIDs): um instrumento de análise das práticas e estratégias das casas editoriais brasileiras(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-12-12) Nascimento, Marcos Roberto do; Ribeiro, Ana Elisa; http://lattes.cnpq.br/7474445800716834; http://lattes.cnpq.br/7637526462175133; Ribeiro, Ana Elisa; Oliveira, Luiz Henrique Silva de; Barcellos, Marilia de Araujo; Verano, Paulo NascimentoEste estudo propõe a criação e validação de um instrumento quantitativo de coleta de dados sobre as práticas e estratégias das casas editoriais independentes. Este permitirá medir os Graus de Independência/Dependência (GIDs) dessas editoras em relação às estruturas hegemônicas do mercado editorial capitalista onde a cadeia editorial está inserida. A partir dos GIDs, foi possível distinguir três perfis de casas editoriais independentes: aquelas que estão mais próximas ao centro da lógica do mercado editorial capitalista (GIDAlto); as que estão entre o centro e a periferia do mercado (GIDMédio) e aquelas que estão mais na periferia do mercado editorial capitalista (GIDBaixo), tendo em vista suas práticas e estratégias. Isto é, os GIDs permitem identificar os perfis das editoras de acordo com as posições ocupadas no mercado editorial em relação ao seu centro. Quanto mais próximo do centro, menos independente; quanto mais próximo da periferia do mercado editorial, mais independente. Este resultado corrobora a hipótese levantada na tese de que os GIDs podem variar de acordo com as práticas e estratégias das editoras ao longo de cada uma das etapas da cadeia editorial. A principal referência teórica para o desenvolvimento deste modelo é Thompson (2013), em seu livro Mercadores de cultura. Este estudo contou com o uso de técnicas de análises estatísticas multivariadas para a validação do questionário e a construção dos GIDs. Houve também uma revisão da literatura sobre o conceito de independência. O estudo destaca que a oposição tácita entre editoras independentes e corporações editoriais, além do discurso de defesa da bibliodiversidade, é insuficiente para definir editoras independentes, dada a heterogeneidade de suas experiências e perfis. Destacou-se ainda que o modo de produção editorial independente gera condições de precarização do trabalho, nem sempre percebidas como tal. A pesquisa abriu possibilidades para novas análises sobre o tema, levantou novas questões e agora olha para questões já postas numa outra perspectiva. O modelo proposto precisa ser aperfeiçoado para ampliar sua capacidade de analisar o panorama editorial brasileiro e de outros países numa perspectiva comparada. A concentração do mercado editorial no Brasil responde à dinâmica histórica do processo de concentrações que resultou da reestruturação do capitalismo neoliberal global. Contudo, a sociedade brasileira apresenta outros processos de "concentração" que são reproduzidos no mercado editorial. Por exemplo, aqueles relativos à hegemonia do eixo Rio-São Paulo e às desigualdades social, regional e econômica historicamente estruturadas, expressas na localização das editoras e nos perfis sociodemográficos de seus(suas) proprietários(as). Ocupar uma maior fatia do mercado, sair da periferia, ser reconhecido, ter mais livros circulando, ganhar prêmios, ainda que a meta não seja o centro, porque ele já está ocupado pelas gigantes transnacionais, parece ser o objetivo de muitas casas editoriais que estão na periferia ou gravitam em torno do centro. A ruptura com a lógica concentradora do mercado capitalista requer criatividade e indignação, organização e paixão, coletividades e esperança, utopias e independência. Se, por um lado, é possível falar de vínculos entre edição e literatura (simbólico) e, por outro, falar de vínculos entre edição e mercado (econômico), seria possível criar outros vínculos, outras estratégias, outras práticas, outra história.