Programa de Pós Graduação em Estudos de Linguagens - POSLING
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Item O português como língua de acolhimento (PLAc) nas narrativas de mulheres migrantes(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-04-04) Silva, Flávia Campos; Arão, Lílian Aparecida; http://lattes.cnpq.br/3976006976620049; http://lattes.cnpq.br/9505084917656676; Arão, Lílian Aparecida; Osório, Paulo José Tente da Rocha Santos; Leroy, Henrique Rodrigues; Moreira, Carla BarbosaEsta tese refere-se a uma contribuição para a ampliação dos estudos linguísticos sobre a prática de ensino de Português como Língua de Acolhimento (PLAc) no Brasil. Partindo da análise do discurso de mulheres migrantes aprendizes de PLAc, cujas vozes foramsequestradas e impedidas de existir na História das Migrações, o objetivo é, por meio da abertura de espaço para que esse grupo possa dizer-se e compartilhar suas experiências nos percursos e procedimentos migratórios, verificar que tipo de configuração éconstruída sobre esse ensino de Português que está posicionado como uma das poucas formas de agenciamento linguístico no nosso país. Assim, esta investigação está dedicada a 1) Caracterizar o ensino de PLAc no Brasil e no CEFET-MG; 2) Verificar se e como o PLAc participa do processo de reconstrução identitária das mulheres migrantes na sociedade da acolhida; 3) Analisar se e como o PLAc tem contribuído para uma (re)configuração discursiva de padrões de sociabilidade e para a construção de outras inteligibilidades por meio do acesso à língua 4) Comparar se o discurso da mulher migrante aprendiz do curso de PLAc condiz com a proposta de ensino dessa prática socioeducativa que está posicionada como uma abordagem estruturada com vistas ao cumprimento de uma função social, humana, política, crítica e transgressiva. O percurso de trabalho é iniciado por uma tentativa de (des)estabilização discursiva da atual configuração migratória que tem enxergado formas de agenciamento quase exclusivamente pelo viés da problemática (MARTINS, 1998; ELHAJJI, 2011; BAUMAN, 2017). Na sequência, o contexto sócio-histórico em que a migração feminina no Brasil e no mundo começou a ser (re)significada e os reflexos de um tímido reconhecimento da presença da mulher nos fluxos será analisada (ASSIS, 2003, 2007; BOYD; GRIECO, 2003; USHER, 2005; MARINUCCI, 2007; BASSANEZI, 2012; MATOS et al., 2018). No curso da investigação, será realizada uma reflexão sobre os conceitos de PLAc de modo a apontar sua importância em um quadro de ausências de políticas linguísticas de Estado para migrantes de crise no Brasil e verificar seu (suposto) potencial emancipatório e participação no processo de (re)territorialização do sujeito migrante no novo endereço de domicílio (AMADO, 2011, 2013, 2016; BARRANTES, 2015; MARQUES, 2018; ARANTES ET AL., 2015, 2016, 2017; PEREIRA, 2016; VESCHI, 2017; HARTWIG; SILVA, 2017; GROSSO ,2010; VIEIRA, 2010; REZENDE, 2010; SÃO BERNARDO, 2016; LOPEZ, 2016; CAMARGO, 2019; BOTTURA, 2019)–abordagens que têm problematizado a dinâmica de funcionamento do PLAc (SANTOS, 2000; ANUNCIAÇÃO, 2017, 2018; LOPEZ, 2018; DINIZ; NEVES, 2018), com vistas à ampliação da compreensão do objeto de pesquisa,também serão contempladas. Dando continuidade à investigação, as teorizações de Spolsky (2004, 2009, 2012); Mariani (2004, 2007), Zoppi-Fontana; Diniz (2008), Zoppi-Fontana (2009), Diniz (2010, 2012) e Oliveira (2007, 2013) serão exploradas de modo a verificar quais são as implicações das políticas linguísticas no funcionamento da língua de acolhimento no Brasil hoje. A análise dos dados da pesquisa será feita com base nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso (PÊCHEUX, 1969, 1971, 1975, 1984, 1990; ORLANDI, 1992, 2001, 2012) e em aspectos conceituais das Narrativas de Vida (BAKHTIN, 1929, 1963; RICOUER, 1997; LEJEUNE 2008; ARFUCH, 2010). Para explorar a narrativização de experiências, os processos de (re)negociação identitária e os modos de subjetivação das mulheres migrantes frente ao fomento da acolhida linguística, oriento-me pelos pressupostos de Foucault (1975, 1984, 1979/1980) e Butler (2015). A metodologia desta tese será conduzida por preceitos da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006); Emancipada (RAJAGOPALAN, 2010); Crítica e Transgressiva (PENNYCOOK, 2001, 2006) e da práxis decolonial (ORTIZ FERNÁNDEZ, 2004; MIGNOLO, 2007; QUIJANO, 2005, 2008; WALSH, 2002, 2005, 2007, 2009, 2013) –escolhas inevitáveis para dar conta da complexidade dos imperativos migratórios e suas subjetividades e (re)direcionar o olhar do/no Sulpara as lutas que se impõem nesse universo de multiterritorialidades tão particulares em que o PLAc se desenvolve.Item Subjetividade e novos media em tempos de pós-verdade: um olhar analítico-discursivo em torno de (des)construções narrativas na contemporaneidade(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-04-26) Azevedo, Andrey Ricardo; David, Giani; http://lattes.cnpq.br/8863282319980625; http://lattes.cnpq.br/5148457918364443; David, Giani; Lessa, Cláudio Humberto; Andrade, Antonio Augusto Braico; Mendes, Paulo Henrique Aguiar; Xavier, Mariana Ramalho ProcópioInvestigamos, sobaótica da Análise do Discurso(AD), formas outras de subjetividade emergíveis da pós-verdade em tempos de comunicação digital e disputas narrativas no jogo político-eleitoral. O objeto empírico parte das principais fake news propagadas durante as eleições presidenciais no Brasil, em 2018, para um posterior recorte metodológico envolvendo a questão dos valores (moral) e a temática do "kit gay", amplamente explorada durante o pleito. A problemática da subjetividade torna-se oportuna e instigante, neste caso, por apresentar lacunas ainda não suficientemente exploradas noâmbito da AD, sobretudo, da Teoria Semiolinguística, de Charaudeau, centrada na ideia de um sujeito dotado de autonomia. O caminho primeiro foi questionar essa autonomia, a partir de particularidades desse novo contexto capitaneado pelas fake news, que pudessem "subverter" elementos considerados basilares na teoria do sujeito charaudeana. Paralelamente, incorporamos à pesquisa, em perspectiva interdisciplinar, aportes teórico-metodológicos que pudessem cobrir eventuais lacunasnão previstas na Semiolinguística, como observar a recepção a partir de ideias trazidas por Benjamin(choque)e/ou Dunker (psicanálise). Buscamos explorar a questão do ethosem frentes distintas, bem como refletir sobre a dimensão ética com base em Marie-Anne Paveaue Foucault, entre outros autores. De Foucault, extraímos também importantes reflexões em torno das noçõesde poder, regimes de verdade e da própria concepçãode sujeito.Entre os resultados até aqui, vemos que o entendimento sobre a subjetividade, no ambiente das fake news, transpõem alguns "limites analíticos" previstos na Semiolinguística. Isso é perceptível, por exemplo, na medida em que o reconhecimento do contrato de fala fica comprometido, camuflado como se fosse de informação (midiático). Nessa mesma esteira, percebemos em jogo estratégias tendentes a "falsear" um equilíbrio, na organização dos saberes, desejável para o constructo das representações sociais e, por conseguinte, para a própria autonomia do sujeito. Referimo-nos, neste caso, na tendência de as fake newsse sustentarem nos saberes de crenças, mas se passarem por um saber de conhecimento. Merece também atenção a esfera da recepção (e seus efeitos), que, no âmbito dasfake newse das redes sociais digitais, deixa-se levar por uma compreensão rasa, distraída, sem muita ambiguidade, no processo interpretativo. Tais aspectos, em si, já denotam um sujeito sobredeterminado pela urgência das leituras e respostas, dos cliquese compartilhamentos, um processo seduzido pela "pulsão" e que nominamos "efeito latente de recepção". Por fim, no domínio externo (ser social), percebemos implícitas nas fake newsestratégias conduzidas por sujeitos que têm um projeto, político-ideológicoe neoconservador, mas que não o revela explicitamente. Vê-se então, embaçadas pelo universo da pós-verdade, construções narrativas consideradas manipuladoras, que limitam a heterogeneidade de vozes, asfixiam a singularidade e a alteridade. Em linguagem foucaultiana, não estaríamos diante de meras disputas pelo poder ou novos regimes de verdade, mas do desejo de se fazer valer um "estado de dominação" e quase aporia que, ao sufocar a liberdade, mostra seu desprezo pela própria dimensão ética.Item Não nos ignorem: representações discursivas sobre as juventudes em livro didático destinado à educação de jovens e adultos ensino fundamental(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-05-06) Nascimento, Rosilene Maria; Ribeiro, Luiz Antônio; http://lattes.cnpq.br/0200464870006735; http://lattes.cnpq.br/8657857656340206; Ribeiro, Luiz Antônio; Azeredo, Luciana Aparecida Silva; Baptista, Patrícia Rodrigues Tanuri; Oliveira, Heli Sabino deEsta pesquisa propôs-se a compreender como as juventudes na faixa etária entre 15 e 24 anos são representadas discursivamente nos livros didáticos da Educação de Jovens e adultos (EJA), já que estes estudantes compõem mais de 60% das matrículas, conforme o último IBGE/2018. Chamamos a atenção para o fato de que, embora haja acesso, não há permanência dos estudantes em turmas iniciais e em turmas diploma-conclusão, conforme aponta Rojo (2001, p. 28). A exclusão escolar se evidencia pela reprovação, pela evasão ou por poucos avanços na aprendizagem, entre outras razões. Decidimos analisar os livros didáticos que circulam nas turmas da EJA, para observarmos a sua contribuição neste processo de prática social excludente. Nosso corpus foi o Livro EJA MODERNA, 2013, anos finais, aprovado no último PNLD/EJA/2014, em específico, os capítulos destinados à disciplina Língua Portuguesa. Através da abordagem qualitativa, ancoramos a pesquisa na base teórica da Análise Crítica do Discurso, proposta por Fairclough (2001); e na base analítica da Decolonização da Análise crítica do discurso, sob a égide do pensamento de Resende (2019). Também sustentados pelos letramentos críticos de Paulo Freire (2015) Soares (2017), Monte Mór (2018), Street (2014), compreendemos a visada autoidentitária das juventudes através das mais variadas práticas sociointeracionais. Para compreensão das juventudes, tomamos como base os estudos teórico-críticos das juventudes de BH efetivados por Dayrell (2003), Da silva (2007) e Arroyo (2018), (2019), (2020). Construímos um quadro de análise decolonial, interrogando-nos sobre as práticas decoloniais de expurgo do outro e silenciamento do corpo e vozes das juventudes que não são representadas discursivamente, através de textos escritos, imagens ou do próprio letramento comum utilizado. Consideramos, como Bagno (2015), que o ensino gramatical presente nesses livros compõe a lógica da exclusão à aprendizagem. Os resultados sinalizam que a proposta pedagógica sistematizada nos livros didáticos para o ensino de leitura, escrita e oralidade privilegia a naturalização, o eufemismo e uma abordagem monolinguística centrada na norma culta. Em contrapartida, exclui do debate a cultura, os valores, as necessidades essenciais e os anseios das juventudes negras, periféricas, que constituem o maior público da EJA. A importância desta pesquisa reside na reflexão sobre os letramentos críticos e nos estudos decoloniais como forma de compreender as relações de poder, de desigualdade e de injustiça social. Na conclusão, sugerimos novas pesquisas com novos atores sociais e defendemos a urgente necessidade de lutarmos por uma pedagogia com base nos letramentos críticos para a EJA, que em vez da omissão assume o lugar da transformação e da potencialização.Item Elementos formativos de um Projeto Educativo de PLAc: dimensões política, pedagógica e admnistrativa(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-09-06) Lopes, Lorena Poliana Silva; Villela, Ana Maria Nápoles; http://lattes.cnpq.br/5289190156958505; http://lattes.cnpq.br/1326999637659366; Villela, Ana Maria Nápoles; Barbosa, Eva dos Reis Araújo; Tosatti, Natália Moreira; Baptista, Patrícia Rodrigues Tanuri; Neves, Liliana de OliveiraEsta tese tem como tema norteador o ensino de Português como Língua de Acolhimento - PLAc para a comunidade migrante forçada no Brasil. O objetivo principal da pesquisa foi investigar e compreender como o ensino de PLAc tem sido planejado e implementado no contexto do brasileiro e, especificamente, no contexto do Distrito Federal, e, ainda, elaborar um caderno de orientação política e pedagógica para o ensino de PLAc no contexto brasileiro. Selecionamos, como objeto de estudo, o Projeto de Pesquisa: Educação e Cultura para indígena, refugiado e imigrante haitiano no Distrito Federal, institucionalizado na Universidade de Brasília. Para seu desenvolvimento, situamos nosso estudo na abordagem qualitativa e na Linguística Aplicada Crítica (Pennycook, 2008; Moita Lopes, 2008), por concebermos a linguística na perspectiva indisciplinar, transgressiva, crítica e preocupada com a mudança social. Adotamos, ainda, outros conceitos teóricos, sendo os principais encontrados no histórico das abordagens e metodologias de ensino de línguas no Brasil (Cunha, 2007; Ramos, 2017, 2021; Almeida Filho, 2011, 2015), no estudo do planejamento educacional (Almeida Filho, 1997; Vasconcellos, 2007), além dos estudos sobre planejamento de políticas públicas (Calvet, 2007; Lima, 2019; Santos, 2016). Metodologicamente, adotamos categorias e índices de análise da Análise de Conteúdo (Bardin, 2003). O corpus deste estudo é composto por três momentos: o primeiro, denominado Produções científicas do Projeto: projeções sobre o planejamento e a prática, foi realizado a partir de leituras de publicações científicas que têm o projeto aqui estudado como objeto de pesquisa; o segundo, denominado Relatórios de atividades: representações do planejamento e da prática, foi realizado a partir da análise de relatórios de atividades do projeto; e o terceiro, denominado Questionários aplicados a participantes e ex-participantes do projeto, foi realizado a partir da análise dos questionários. Após a geração e a análise dos dados, pudemos obter os seguintes principais resultados: i) as abordagens de ensino compatíveis com o ensino de PLAc são a Abordagem de Língua de Acolhimento, a Abordagem Comunicativa, a Abordagem Sociointeracional e a Pedagogia Crítica; ii) a dimensão política indica um alinhamento do projeto com a promoção de uma política pública inclusiva, que visa a inserção e a integração da comunidade migrante forçada na sociedade local; a dimensão pedagógica indica a adoção de metodologias de ensino comprometidas com a interculturalidade, a interdisciplinaridade, a flexibilidade e a aprendizagem colaborativa, sendo o professor um interlocutor, inserido em um contexto de constante diálogo e escuta ativa; a dimensão comunitária e administrativa, indica uma gestão do ensino que prioriza o trabalho colaborativo e a gestão democrática; e iii) o Marco Referencial identificado reforça o compromisso do projeto com a abordagem da Língua de Acolhimento e todas as análises demonstraram que os participantes e ex-participantes do projeto têm ciência desse compromisso. Este trabalho pretende, em suma, contribuir para os processos de elaboração do planejamento de ensino de PLAc em contexto brasileiro, principalmente, por meio do Caderno de Orientação Política e Pedagógica para o ensino de PLAc no contexto brasileiro, disponibilizado nesta tese.Item A edição de periódicos literários de vanguarda em Minas Gerais(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-09-16) Gonçalves, Mário Vinícius Ribeiro; Ribeiro, Ana Elisa; http://lattes.cnpq.br/7474445800716834; http://lattes.cnpq.br/0916039868871127; Ribeiro, Ana Elisa; Carmona, Kaio Carvalho; Guimarães, Júlio César Castañon; Moreira, Paula Renata Melo; Silva, Rogério Barbosa daO tema deste trabalho é a edição de periódicos literários de vanguarda no estado de Minas Gerais. O recorte temporal adotado, panoramicamente, compreende o período que vai dos anos 1920 – quando se pode enfim considerar o acionamento da "função de vanguarda" dentro do projeto de modernidade brasileiro – até o início dos anos 1990 – quando alguns dos próprios agentes da vanguarda mineira e brasileira realizam um balanço das atividades que empreenderam ao longo do século XX. Já para as análises de periódicos individuais, estabelecemos como marco delimitador o fim dos anos 1970. Ao nos indagarmos sobre a especificidade da contribuição mineira em relação à edição de periódicos literários de vanguarda ao longo do recorte temporal adotado, objetivamos realizar extensivo mapeamento desses periódicos, bem como fundamentar qualitativamente o ethos poético-editorial das publicações contempladas a partir do grau de experimentação e ruptura que elas apresentam em relação às convenções subjacentes a seus respectivos elementos constituintes, tanto materiais quanto discursivos. Ao longo do processo, procuramos estabelecer critérios refuncionalizantes que permitam avaliar, diacrônica e sincronicamente, a contribuição dos periódicos analisados em relação ao repertório poético-editorial de dentro e fora de Minas Gerais. Metodologicamente, este estudo tem caráter essencialmente qualitativo, enfatizando a pesquisa documental. Parte fundante da pesquisa transcorreu a partir da consulta às fontes primárias – periódicos, livros e "outras topografias" pertencentes ao recorte em questão – presentes em diferentes coleções, bibliotecas e acervos, públicos ou privados. Ao mesmo tempo, foi necessário realizar o confronto dos levantamentos documentais com toda a pesquisa bibliográfica – isto é, a consulta às fontes secundárias – relativas direta ou indiretamente ao tema. Estabelecido um corpus de publicações pertencentes a nosso recorte temporal e temático, realizamos análises individuais de periódicos estrategicamente selecionados – seja pela sua importância histórica e/ou pela singularidade de sua proposta editorial – para elucidar a problemática de nossa pesquisa. Tais análises valeram-se do agenciamento crítico dos fundamentos teóricos discutidos com os aspectos técnicos específicos à atividade editorial. Logo depois, articulamos mutuamente as análises individuais de periódicos, realizando uma leitura cruzada dos diversos aspectos editoriais escrutinados a fim de delinear, com maior precisão, a especificidade dos periódicos estudados, tomados tanto em conjunto quanto separadamente. Ao articularmos dialeticamente, dentro dos Estudos em Edição, a "ciências das obras" de Pierre Bourdieu com a teoria de alguns dos agentes mais radicais da vanguarda literária brasileira, como Moacy Cirne, Álvaro de Sá e Neide Dias de Sá, crítica e transversalmente complementadas por um referencial de trabalhos pertencentes a disciplinas distintas, como a História, a Semiologia, a Teoria da Informação, a Comunicação e a Tipografia, buscamos estabelecer uma metodologia ao mesmo tempo sólida e dinâmica, oferecendo novo ponto de apoio para reflexões e pesquisas futuras, além de colaborar para o resgate histórico de importante momento de nossa memória recente, recolocado em perspectiva a partir de uma organização funcional renovada e prospectiva.Item Análise discursiva de narrativas de si de Elke Maravilha: construção identitária, mídia e moda(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-10-17) Garcia, Éverton Lucas Ferreira; Lessa, Cláudio Humberto; http://lattes.cnpq.br/0878316792233407; http://lattes.cnpq.br/8730310324820094; Lessa, Cláudio Humberto; Silva, Giani David; Xavier, Mariana Ramalho ProcópioNesta dissertação, refletimos sobre como os discursos constroem efeitos de sentidosplurais na narrativa de si da artista Elke Maravilha, tendo o corpo como lugar demanifestação da moda em diferentes esferas sociais. Com um olhar discursivo, temoso objetivo de fazer uma leitura que mescla dispositivos da ordem da língua e daordem histórica, que determinam a produção de efeitos de sentido por meio de relatosde experiências vividas e de indumentárias usadas pela artista ao longo de suacarreira. Buscamos identificar como, nessa projeção de imagens de si, tanto na suadimensão de indumentária, quanto no seu funcionamento enunciativo verbal,manifestam-se os posicionamentos e engajamentos da artista. Analisamos também osdiscursos e imaginários que atravessam as narrativas desse ícone da mídia brasileira,sob a ótica de Dominique Maingueneau (1997; 2006; 2008; 2011; 2015; 2016; 2020),Émile Benveniste (1989; 1991), Guy Debord (1997), Ida Lúcia Machado (2016),Leonor Arfuch (1995; 2010), Malcolm Barnard (2003), Patrick Charaudeau (1991;1999; 2004; 2006; 2017; 2018), Ruth Amossy (2005; 2018), entre outros, que nosajudaram a apontar os vários ethé da artista. Como diretriz para esta pesquisa, sãoutilizados pressupostos da Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso comrelação ao ato de linguagem como encenação, às competências de linguagem, àmanipulação dos modos de organização do discurso e à Modalização(CHARAUDEAU, 1991,1999). Também são abordados aspectos linguísticodiscursivosda argumentação diretamente ligados a essa teoria. O corpus é compostopor cinco cadernos com entrevistas da artista que o autor coletou, transcreveu edividiu em três eixos para análise: construção identitária, mídia e moda. A partirdesta pesquisa podemos realizar a análise das narrativas de si da artista ElkeMaravilha, o que contribuiu para a (re)construção identitária dos relatos da artista.Buscamos igualmente, a partir da análise do interdiscurso, identificar os signosintomasde imaginários mobilizados tanto no âmbito verbal, quanto não verbal, oque implicou analisar as projeções etóticas construídas a partir da indumentária. Aanálise fundamentou-se na compreensão do uso de índices de subjetividade ecorporalidade, buscando, por fim, descrever as projeções etóticas mais salientesexpressas nos relatos analisados. Os resultados desta pesquisa demonstram que adinâmica empregada propiciou integração, assimilação e compartilhamento dasexperiências na elaboração do conhecimento entre discurso e interdiscurso,compreensão do ethos que a artista sempre quis mostrar na mídia e que sempredefendeu em sua estética e ética. Percebemos que não é difícil encontrar mil e duascoisas escritas sobre Elke Maravilha, afinal, há tempos, ela faz parte de nossoimaginário e tornou-se mais que uma personalidade na moda. Desde o início, elasempre projetou imagens de si como sendo uma pessoa irreverente, anárquica,exagerada e sem papas na língua. Para além dessas projeções etóticas,aparententemente intencionais da artista, foi-nos possível observar imagináriossociodiscursivos que revelam um posiciomento político social de valorização daigualdade, do respeito à diversidade étinico-racial e de gênero e reconhecimento dediversas manifestações religiosas e culturais.Item Letramento literário: o desenvolvimento de projetos de ensino por meio de aldravias(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-11-18) Silva, Marcos Felipe da; Ribeiro, Luiz Antônio; http://lattes.cnpq.br/0200464870006735; http://lattes.cnpq.br/4423533631590718; Ribeiro, Luiz Antônio; Souza, Cláudia Mara de; Parreiras, Vicente Aguimar; Leal, José Benedito DonadonEsta pesquisa está vinculada à linha III - Linguagem, Ensino, Aprendizagem e Tecnologia e teve como objetivo refletir sobre a formação do leitor literário na educação básica por meio de projetos de ensino. Em sua essência, ela visou à reflexão sobre a aplicação de um projeto de leitura e produção de aldravias intitulado Aldravilhando, implementado em uma escola da rede pública municipal de ensino de Santa Bárbara-MG. Aldravias são poemas sintéticos, de apenas seis versos univocabulares. Elas dispensam as rimas, as pontuações gráficas e as métricas, fazem uso de metonímias, bem como mantêm foco no discurso e na construção de significados por parte do leitor. A pergunta-chave que norteou a pesquisa foi: como um projeto de ensino com foco na leitura e na produção de aldravias pode contribuir para a formação do leitor literário? A hipótese subjacente à pesquisa é que a mediação pedagógica por meio das aldravias pode contribuir para a formação do leitor literário. Foi elaborado um quadro de referências teórico-metodológicas que nos permitiu compreender a importância da literatura e do letramento literário para a formação do sujeito leitor. Para a concretização deste estudo, primeiramente, foi realizada uma revisão bibliográfica, com vistas a traçar um panorama sobre pesquisas realizadas no âmbito de letramento literário e de estudos sobre aldravias. Em seguida, buscou-se refletir sobre essas temáticas à luz de autores como Candido (1995), Barthes (1995, 1996, 2003), Compagnon (2009), Soares (2002, 2004, 2006, 2009), Cosson (2011, 2018, 2019), Leal (2013) e Donadon-Leal (2001, 2002, 2003, 2009, 2010, 2012, 2018). A metodologia de pesquisa utilizada é de caráter qualitativo, baseada na análise das etapas e sequências didáticas desenvolvidas durante um projeto de leitura, além dos recursos didático-pedagógicos, resultados e publicações alcançados com o projeto. Pesquisas com essa abordagem se justificam pois pouco se sabe ainda sobre o uso de aldravias no ambiente de formação de leitores. Além disso, ganha relevo o desenvolvimento do letramento literário por meio de projetos de ensino, com destaque para o protagonismo do aluno, a mediação pedagógica e a participação da comunidade escolar no processo de ensino e aprendizagem. Os resultados alcançados por meio da catalogação dos dados do projeto Aldravilhando evidenciaram que houve contribuições dessa prática pedagógica tanto para o desenvolvimento do letramento literário quanto para o processo de humanização dos alunos da educação básica de uma escola pública municipal.Item O direito de publicar: autopublicação, fast-publishing e tecnologias digitais no mercado editorial brasileiro(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-11-29) Vecchio, Pollyanna de Mattos; Ribeiro, Ana Elisa; http://lattes.cnpq.br/7474445800716834; http://lattes.cnpq.br/6126068549062032; Ribeiro, Ana Elisa; Lessa, Cláudio Humberto; González, Jenny Teresita Guerra; Domingos, Ana Cláudia Munari; D'Andréa, Carlos Frederico de BritoEsta pesquisa investiga a autopublicação e o advento das tecnologias digitais no mercadoeditorial brasileiro, tendo como foco o autor autopublicado e sua projeção discursiva de si. Aautopublicação é o ato de um autor publicar seu livro ou outro produto editorial de formaindependente, em resposta a uma demanda própria, com ou sem a assistência de uma editoraprofissional ou plataforma de autopublicação e sem riscos financeiros para a empresa contratada(ARAÚJO, 2011; 2013; MÜLLER, 2017; JESUS; BLOTTA, 2018; JESUS, 2017; 2020;VECCHIO, 2020a; 2020b). Uma vez que o mercado editorial está permeado por imagináriossocioculturais que reforçam o estereótipo do autor autopublicado como um profissional demenor valor, pelo fato de suas publicações não terem passado pelo crivo de uma editoraconvencional, entendemos que se trata de um profissional invisibilizado. Assim, esta pesquisautiliza a Análise do Discurso de linha francesa para investigar um conjunto de entrevistas feitascom autores de ficção e poesia autopublicados em plataformas disponíveis no Brasil. Comometodologia, foi feita uma integração de métodos qualitativos e quantitativos de coleta e análisede dados, por meio de uma triangulação de técnicas de pesquisa, quais sejam: a) análisedocumental; b) questionário semiestruturado; e c) entrevistas em profundidade. Na análisedocumental, consideramos como corpus os contratos das plataformas digitais de autopublicaçãocom os autores autopublicados. As entrevistas foram realizadas em duas fases: FASE 1 – umquestionário semiestruturado online aplicado a uma amostra de 380 autores dentro do perfildesejado, a fim de desenvolver um mapeamento da categoria no Brasil; e FASE 2 – uma amostrade vinte entrevistas em profundidade, coletadas e analisadas com técnicas de narrativa de si(ARFUCH, 2010; BERTAUX, 2006), com o intuito de observar a projeção de si dosentrevistados e a forma como os imaginários sociodiscursivos oriundos do mercado editorial edas plataformas se manifestam em suas falas. A pesquisa tem como suporte teoriascontemporâneas da Edição, a Filosofia da Tecnologia e estudos sobre o Capitalismo dePlataforma (SRNICEK, 2016). Em relação à análise dos contratos, revelou-se que há índices deprecarização do trabalho na relação entre as plataformas e os autores, na esteira daplataformização do trabalho e da produção cultural. Em relação aos autores, as projeções de sidos entrevistados revelam, entre outros, os seguintes perfis: a) autores que não têm experiênciano mercado editorial e se enquadram no perfil clientelista descrito por Müller (2017); b) autoresque se submetem às lógicas algorítmicas de funcionamento das plataformas e produzemmercadoria cultural contingente (POELL; NIEBORG, 2018); e c) autores que demonstram umavisão crítica de si, de sua função como autor independente, do papel desempenhado pelaplataforma dentro do mercado editorial e que se apropriam da tecnologia a seu favor, a fim dealcançar uma realização humana que aqui argumentamos que seja fundamental para muitoshomens e mulheres, em todo o mundo e ao longo da história: o direito de publicar. Comoresultado da pesquisa, buscando contribuir para melhor compreensão sobre a autopublicaçãodigital no Brasil e seus desdobramentos para o futuro do campo da Edição, propomos ecomplementamos três concepções: 1) a Fast-publishing, o modelo como o capitalismo deplataforma se manifesta no mercado editorial e na literatura; 2) o Coletivismo de plataforma,um efeito colateral não previsto pela fase atual de desenvolvimento da tecnologia e que sebaseia na sua apropriação e possível subversão por parte de seus usuários; e 3) o Autor-Editor,o perfil atual de um profissional que se torna editor na prática em função de sua atuação comoautor autopublicado.Item Ciência POP: divulgação científica no Youtube sob a perspectiva da sociossemiótica e da gramática do design visual(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-12-07) Barbosa, Virgínia Graziela Fonseca; Silva, Rogério Barbosa da; http://lattes.cnpq.br/1767099415509838; http://lattes.cnpq.br/0008627478755038; Silva, Rogério Barbosa da; Costa, Verônica Soares da; Silva, Renato Caixeta daNeste trabalho, procuramos entender o atual contexto da linguagem e das comunicações a partir das configurações do mundo digital. Sobretudo, consideramos a prevalência do visual neste momento histórico, configurando uma nova "escrita", em que o paradigma alfanumérico passa a compartilhar espaço com outro formato mais complexo e híbrido. Para tanto, usamos como objeto de pesquisa o gênero multimodal vídeo de Divulgação Científica no YouTube. Nosso referencial teórico passa pelas considerações de Flusser sobre o futuro da escrita, pelas elucubrações de Jenkins quanto à cultura da convergência, e culmina nas análises baseadas na Sociossemiótica e na Gramática do Design Visual, de Kress e Van Leeuwen. A partir das análises de dois canais brasileiros de Divulgação Científica no YouTube (Nunca vi 1 cientista e Arqueologia pelo mundo), procuramos entender como se dá a construção de sentidos nessas produções multimodais, considerando, especialmente, a metafunção interacional. O levantamento aponta para a relevância do uso de estratégias visuais, a exemplo do enquadramento, imagens e textos visuais, capazes de facilitar o entendimento e criar envolvimento com o espectador, além do uso de recursos da comunicação face a face, como gestos e expressões faciais. Mostra-se inegável ainda a importância dos conhecimentos técnicos relacionados à produção, edição e distribuição do material por parte das cientistas que conduzem os canais estudados, contrariando a ideia comumente alardeada quanto à facilidade de uso e o caráter democrático das ferramentas digitais. Da mesma forma, no que diz respeito ao público em geral, a expansão dessas formas comunicativas não foi acompanhada por um letramento digital satisfatório ou por políticas efetivas de democratização. Assim, em tempos de negacionismo e de fake news, as estratégias facilitadoras adotadas pelas cientistas do corpus aqui investigado apontam um caminho possível para a aproximação entre o conhecimento científico e a população.Item Vaga luz da escrita: memória, documento e instinto no Diário da Peste, de Gonçalo M. Tavares(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-12-09) Monteiro, Isabela Mendonça de Carvalho; Silva, Rogério Barbosa da; http://lattes.cnpq.br/1767099415509838; http://lattes.cnpq.br/9898919028389267; Silva, Rogério Barbosa da; Ricardo, Pablo Alexandre Gobira de Souza; Costa, Erick Gontijo; Lopes, Luiz Carlos GonçalvesEste trabalho aborda a construção da memória no Diário da Peste, de Gonçalo Tavares, obra publicada virtualmente ao longo de noventa dias consecutivos – de março a junho de 2020 – e impressa em 2021 sob o título Diário da Peste – O Ano de 2020. Escrito durante o isolamento em função da pandemia de 2020, o Diário da Peste registra não apenas os dias, mas consigna, simultaneamente, pensamentos sobre a obra, sobre os acontecimentos e sobre a vida daquele que escreve. Buscou-se mostrar como esse diário, impulsionado por um acontecimento mundial, opera como uma espécie de arquivo, de memória do mundo, não se restringindo ao cotidiano de Gonçalo Tavares – como a utilização da palavra "diário" talvez leve a crer. A partir de aspectos relacionados à memória, ao documento e à vivência daquele momento, pretende-se apresentar o modo como eles aparecem e são articulados nos textos do Diário da Peste, para então aproximá-los da teoria do arquivo de Jacques Derrida, presente em Mal de arquivo: uma impressão freudiana. Tal aproximação visa a estabelecer uma ligação entre os processos de criação e arquivamento digital do Diário da Peste como fatores significativos para a produção literária. Esta proposta vincula-se à Linha IV – Edição, Linguagem e Tecnologia – do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens (POSLING) por almejar, com essa abordagem, proceder a uma reflexão e a um possível avanço no estudo das relações culturais e sociais que permeiam a discursividade dos processos criativos e de edição das linguagens contemporâneas.Item Graus de independência/dependência (GIDs): um instrumento de análise das práticas e estratégias das casas editoriais brasileiras(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-12-12) Nascimento, Marcos Roberto do; Ribeiro, Ana Elisa; http://lattes.cnpq.br/7474445800716834; http://lattes.cnpq.br/7637526462175133; Ribeiro, Ana Elisa; Oliveira, Luiz Henrique Silva de; Barcellos, Marilia de Araujo; Verano, Paulo NascimentoEste estudo propõe a criação e validação de um instrumento quantitativo de coleta de dados sobre as práticas e estratégias das casas editoriais independentes. Este permitirá medir os Graus de Independência/Dependência (GIDs) dessas editoras em relação às estruturas hegemônicas do mercado editorial capitalista onde a cadeia editorial está inserida. A partir dos GIDs, foi possível distinguir três perfis de casas editoriais independentes: aquelas que estão mais próximas ao centro da lógica do mercado editorial capitalista (GIDAlto); as que estão entre o centro e a periferia do mercado (GIDMédio) e aquelas que estão mais na periferia do mercado editorial capitalista (GIDBaixo), tendo em vista suas práticas e estratégias. Isto é, os GIDs permitem identificar os perfis das editoras de acordo com as posições ocupadas no mercado editorial em relação ao seu centro. Quanto mais próximo do centro, menos independente; quanto mais próximo da periferia do mercado editorial, mais independente. Este resultado corrobora a hipótese levantada na tese de que os GIDs podem variar de acordo com as práticas e estratégias das editoras ao longo de cada uma das etapas da cadeia editorial. A principal referência teórica para o desenvolvimento deste modelo é Thompson (2013), em seu livro Mercadores de cultura. Este estudo contou com o uso de técnicas de análises estatísticas multivariadas para a validação do questionário e a construção dos GIDs. Houve também uma revisão da literatura sobre o conceito de independência. O estudo destaca que a oposição tácita entre editoras independentes e corporações editoriais, além do discurso de defesa da bibliodiversidade, é insuficiente para definir editoras independentes, dada a heterogeneidade de suas experiências e perfis. Destacou-se ainda que o modo de produção editorial independente gera condições de precarização do trabalho, nem sempre percebidas como tal. A pesquisa abriu possibilidades para novas análises sobre o tema, levantou novas questões e agora olha para questões já postas numa outra perspectiva. O modelo proposto precisa ser aperfeiçoado para ampliar sua capacidade de analisar o panorama editorial brasileiro e de outros países numa perspectiva comparada. A concentração do mercado editorial no Brasil responde à dinâmica histórica do processo de concentrações que resultou da reestruturação do capitalismo neoliberal global. Contudo, a sociedade brasileira apresenta outros processos de "concentração" que são reproduzidos no mercado editorial. Por exemplo, aqueles relativos à hegemonia do eixo Rio-São Paulo e às desigualdades social, regional e econômica historicamente estruturadas, expressas na localização das editoras e nos perfis sociodemográficos de seus(suas) proprietários(as). Ocupar uma maior fatia do mercado, sair da periferia, ser reconhecido, ter mais livros circulando, ganhar prêmios, ainda que a meta não seja o centro, porque ele já está ocupado pelas gigantes transnacionais, parece ser o objetivo de muitas casas editoriais que estão na periferia ou gravitam em torno do centro. A ruptura com a lógica concentradora do mercado capitalista requer criatividade e indignação, organização e paixão, coletividades e esperança, utopias e independência. Se, por um lado, é possível falar de vínculos entre edição e literatura (simbólico) e, por outro, falar de vínculos entre edição e mercado (econômico), seria possível criar outros vínculos, outras estratégias, outras práticas, outra história.Item A representação discursiva da mulher nas canções de autoria feminina: uma análise semiolinguística dos imaginários sociodiscursivos na MPB (1970-2020)(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-12-22) Rocha, Aline Mara de Almeida; Arão, Lílian Aparecida; http://lattes.cnpq.br/3976006976620049; http://lattes.cnpq.br/1866931907027959; Arão, Lílian Aparecida; Silva, Giani David; Silva, Thiago Cazarim da; Amorim, Marcia Fonseca de; Xavier, Mariana Ramalho ProcópioO objetivo deste trabalho é compreender como são construídos os imaginários sociodiscursivos nas canções de autoria feminina, considerando, principalmente, os modos de organização do discurso, presentes na teoria semiolinguística de Patrick Charaudeau. A relevância do nosso tema se deve às limitações impostas à participação da mulher como compositora pela indústria fonográfica. Além de terem sido silenciadas e pagadas na historiografia até a década de 1940, as mulheres são quase sempre associadas a produções lírico-amorosas, o que faz parecer que seus interesses estão restritos a este campo. De modo a compreender as condições de produção desse conjunto discursivo, recorremos às contribuições da crítica feminista, apoiadas nos estudos de Del Priore (2021), Saffioti (1987), bem como nos estudos de Stuart Hall (2016) sobre representação, discurso e identidade. Outros referenciais, na crítica da música brasileira, especialmente sobre a condição da mulher no contexto musical, completam a lista indispensável para a compreensão da música como um fenômeno sociocultural, é o caso de Santa Cruz (1992), Murgel (2011), López (2003), entre outros. Para escolha das compositoras, utilizamos os critérios constantes no catálogo MPB Mulher (2006): a) originalidade e qualidade estética; b) tamanho e extensão da produção; c) permanência no mercado; d) relevância histórica. Devido à limitação do período abrangido pelo catálogo, com uma única edição publicada em 2006, acrescentamos o critério de indicação ou premiação no Grammy Latino para as compositoras apresentadas após aquele período. Para análise, fizemos o recorte de canções produzidas entre as décadas de 1970-2020, que tratam de temas relacionados ao corpo, ao amor, às relações humanas e socioeconômicas e são escritas somente por enunciadora(s). Observamos, assim, que mesmo em composições de temáticas lírico-amorosas, são perceptíveis as estratégias linguístico-discursivas na reelaboração dos imaginários sociais que possam elevar aquelas temáticas a um patamar político de discussão, no qual a mulher possa ser o sujeito de suas reivindicações e subjetividades.Item Efeito de representatividade: a formação dos processos de identificação de meninas negras por meio dos efeitos da representatividade na rede social e sua importância(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2024-02-22) Marques, Camila da Conceição; Moreira, Carla Barbosa; http://lattes.cnpq.br/7941994866135686; http://lattes.cnpq.br/7549378083481089; Moreira, Carla Barbosa; Amorim, Márcia Fonseca de; Cestari, Mariana JafetA partir da crescente cobrança por representatividade e diversidade em diversas esferas da vida social e midiática, nossa pesquisa tem como finalidade investigar os efeitos dessa mesma cobrança conforme seus frutos na construção da identidade de meninas negras. Mais especificamente, por meio da análise de posts nos perfis do Instagram de Aline Aguiar e Maria Júlia Coutinho, ambas jornalistas e mulheres negras, analisamos o efeito originado a partir da posição discursiva gerada entre elas e as meninas em um momento de crescente ascensão e protagonismo de suas carreiras. Esse mesmo resultado, nomeado como efeito de representatividade, é percebido na medida em que observamos que a presença de ambas as jornalistas valida de forma positiva os processos de identificação dessas meninas. Em um país racista e desigual com o Brasil, o crescimento de mulheres negras atuando em profissões de destaque e prestígio é a prova de que uma outra realidade é possível, sendo a representatividade uma ferramenta real para, conforme afirma Souza (2021), a geração de processos de identificação positiva da pessoa negra com a sua negritude. Desenvolvendo a pesquisa, percebemos, por exemplo, que a presença das jornalistas fez com que essas meninas passassem a gostar de seus próprios cabelos, fortalecendo a sua autoestima. Para sustentarmos os argumentos apresentados ao longo da pesquisa, recorremos aos conceitos, termos e estudos comuns à Análise do Discurso: a memória discursiva (Pêcheux, 2014), a ideologia e tudo que a envolve (Althusser, 1985), a formulação e circulação de sentidos (Orlandi, 2008) e outros. Além disso, recorremos a autores ligados à formação do inconsciente (Lacan, 1999). Uma pretensão desta pesquisa está em entender como o racismo ocorre e afeta toda a sociedade de uma maneira estrutural (Almeida, 2019), gerando profundas desigualdades (Gonzalez; Hasenbalg, 1982). A apresentação de dados estatísticos ao longo da pesquisa enumera e contemporiza o trabalho acadêmico.Item Cartossemiótica do gênero mapa: por um letramento cartográfico nas escolas(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2024-03-01) Lima, Jean Cássio; Ribeiro, Luiz Antônio; http://lattes.cnpq.br/0200464870006735; http://lattes.cnpq.br/7524090039777084; Ribeiro, Luiz Antônio; Batista, Natália Lampert; Silva, Romerito Valeriano da; Silva, Renato Caixeta daNesta pesquisa discute-se sobre Cartografia Escolar. A proposta foi investigar como os pressupostos do letramento cartográfico, implícitos na BNCC para o segmento Ensino Médio, são explorados em mapas de uma coleção de livros didáticos do componente curricular Geografia. Isso porque, com os avanços da discussão sobre a Cartografia Escolar, a promulgação da BNCC e a reforma do Ensino Médio, espera-se que os livros didáticos aprovados pelo PNLD se distanciem das até então corriqueiras práticas de predomínio de alfabetização cartográfica e do ensino do mapa pelo mapa. Durante a pesquisa, pensou-se a representação cartográfica em mapas por seu caráter de gênero discursivo e de gênero textual, ou seja, a partir de sua ideia de enunciação. Esses mapas foram analisados pelo viés da cartossemiótica a partir da Gramática do Design Visual. Diante disso, foram relacionados autores das áreas da Cartografia, Linguagens e Ensino. Como resultado, percebe-se que os livros didáticos têm reformulado sua forma de abordar a Cartografia Escolar. Cada vez mais os mapas aparecem contextualizados com problemas reais, em textos multimodais e com propostas que possibilitam a promoção de alfaletramento. Com isso, essa pesquisa reforça a importância de um livro didático em consonância com a literatura e com a legislação. Mas, para além disso, a valorização da carreira do professor e de sua educação continuada para que ele acompanhe os avanços das discussões sobre Cartografia Escolar e outros temas que lhe competem o ensino. Também, que tenha condições dignas de trabalho que lhe possibilitem potencializar o uso de um bom livro didático.Item Introdução das línguas nacionais no sistema educacional formal do Benin: causas do insucesso da política linguística e ideias de solução(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2024-03-19) Nouatin, Gbènoukpo Gérard; Parreiras, Vicente Aguimar; http://lattes.cnpq.br/0572931273424168; http://lattes.cnpq.br/3503602133908678; Parreiras, Vicente Aguimar; Dering, Renato de Oliveira; Mendes, Maurício Teixeira; Agossa, Mahulikplimi Obed Brice; Silva, Renato Caixeta daA República do Benin, "ex-"colônia francesa independente desde 1960, possui aproximadamente cinquenta (50) línguas locais ainda dominadas pelo francês, que acumula as funções de única língua oficial e de única língua da educação formal. Após a independência, por diversos motivos, os governos beninenses que se sucederam desde 1971 até recentemente manifestaram a intenção de mudar essa situação, pelo menos, no plano educacional, introduzindo as línguas nacionais beninenses no sistema educacional formal. Alguns chegaram a passar à ação, mas não tiveram êxito. Ademais, desde 2018, um silêncio político se instalou em torno da questão. Essa é a problemática para cuja solução busquei contribuir por meio do meu estudo. Portanto, procurei identificar possíveis causas do fracasso das tentativas de introduzir as línguas nacionais beninenses no sistema educacional formal, desde o início da década de 1970 até hoje, e apontar caminhos para solucionar os problemas inferidos. Assim, fiz um levantamento das ações realizadas ou previstas a cada tentativa; ponderei essas ações a fim de identificar causas do fracasso das diferentes tentativas e, por fim, pensei em soluções para resolver os problemas persistentes até hoje. Para tal, reuni documentos de vários tipos sobre a política linguística educacional objeto do estudo, dos quais extraí os dados da pesquisa, que tratei, por sua vez, com base numa matriz de análise que criei. Ela se compõe de parâmetros identificados na literatura sobre o assunto como fatores de sucesso ou de fracasso, no Benin e em outros contextos geográficos com situações linguísticas similares, assim como em contribuições teóricas de Calvet (1987, 2002, 2021) sobre Política e Planejamento Linguísticos. Em seguida, procedi à interpretação desses dados assim tratados para inferir os resultados da pesquisa. Estes indicam causas políticas e, consequentemente, ideológicas; falta de recursos (humanos, financeiros e materiais) assim como problemas técnicos, relativos ao não ou mau planejamento da política linguística durante determinados períodos e à forma como os planos de ação foram executados durante outras tentativas. Quanto às ideias de solução para esses problemas, inspirei-me nas considerações teóricas supramencionadas bem como em outras, oriundas dos estudos e pensamentos decoloniais: Benin (1983); Diop (1984); Quijano (1992, 2000, 2002); Mignolo (2004, 2017); Maldonado-Torres (2007); Dering (2021) etc. Os objetivos do estudo foram alcançados, o que lhe permite ser útil no Benin e nos países em situações similares. Ademais, ele constitui uma contribuição importante para os estudos de política linguística educacional.Item Uso dos dispositivos digitais no processo de ensino-aprendizagem no contexto da pós-pandemia COVID-19(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2024-04-11) Bittencourt, Salete Mamedes; Ribeiro, Luiz Antônio; http://lattes.cnpq.br/0200464870006735; http://lattes.cnpq.br/5272612835549328; Ribeiro, Luiz Antônio; Souza, Rômulo Francisco de; Parreiras, Vicente Aguimar; Souza, Claudia Mara deNesta pesquisa propomos investigar o uso efetivo dos equipamentos digitais (tablet, Chromebook, Datashow, computador e lousa digital) por parte dos professores do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de Belo Horizonte no período pós-pandemia COVID-19. Nossa intenção é avaliar se a metodologia utilizada pelos professores considera o estudante como protagonista do ensino-aprendizagem e se as atividades pedagógicas desenvolvidas incluem pesquisas, experimentação e compartilhamento característicos das metodologias ativas. O aporte teórico estudado constitui-se da teoria dos letramentos, conforme Soares (2001), Kleiman (2014), Coscarelli & Ribeiro (2017); Rojo & Moura (2012); e Cazden et al. (2021); bem como a teoria das metodologias ativas, conforme Bacich (2015) e Moran (2015, 2017). Os resultados demonstraram que houve avanços na disponibilidade de equipamentos digitais na escola, bem como acesso à internet para a melhoria do uso das tecnologias digitais no contexto escolar, mas ainda é preciso avançar principalmente considerando um amplo investimento por parte do poder público na rede de wi-fi. Foi constatado, por meio dos relatos dos professores na entrevista, que a maioria não desenvolve o letramento digital dos estudantes, tampouco o ensino híbrido envolvendo metodologias ativas, mas têm interesse e veem a necessidade de mudar, porém ainda se sentem inseguros por não dominar totalmente os usos das tecnologias digitais e ter um conhecimento mais profundo quanto ao ensino híbrido e sua abordagem na prática. Percebe-se a necessidade de um olhar das políticas públicas em considerar as formações no "chão da escola" proporcionando um avanço necessário na prática pedagógica dos professores.Item O processo de tradução literária: uma retradução comentada do conto O relógio de ouro de Machado de Assis(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2024-05-29) Viana, Hélio Moïse Rodrigues; Pinheiro, Marta Passos; http://lattes.cnpq.br/0627132895544473; http://lattes.cnpq.br/3420699001309536; Pinheiro, Marta Passos; Ribeiro, Marília Scaff Rocha; Silva, Renato Caixeta daEsta dissertação visa investigar o processo de retradução por meio da análise da tradução para o francês do conto "O Relógio de Ouro" de Machado de Assis, realizada por Maryvonne Lapouge. Nossa pergunta de pesquisa é: como as Treze Tendências Deformadoras de Antoine Berman podem ser aplicadas para orientar o processo de retradução, contribuindo para uma nova interpretação da obra original e respeitando suas nuances linguísticas e estilísticas? Ao buscar responder a essa pergunta, exploramos não apenas os desafios inerentes à tradução literária, mas também as oportunidades que a retradução oferece para aprimorar e enriquecer a compreensão de uma obra clássica através de diferentes perspectivas culturais e linguísticas. Como fundamentação teórica utilizamos os estudos de Antoine Berman sobre a tradução e os de Hélio de Seixas Guimarães sobre Machado de Assis. Adotamos uma abordagem qualitativa, combinando análise textual e crítica literária para examinar a tradução de Lapouge à luz das Treze Tendências Deformadoras. Por meio dessa metodologia, identificamos os principais desafios enfrentados durante o processo de retradução e suas implicações para a compreensão da obra original. Entre eles, destacam-se a necessidade de refinamento e precisão na tradução para capturar a riqueza psicológica dos personagens de Machado de Assis e o ritmo de suas histórias. Observamos também a importância da adaptação cultural na tradução de expressões tipicamente brasileiras e a necessidade de consulta e pesquisa para garantir a fidelidade ao texto original. Por meio dessas reflexões, buscamos não apenas compreender os desafios inerentes à tradução literária, mas também explorar as oportunidades que a retradução oferece para enriquecer a compreensão de uma obra clássica através de diferentes perspectivas culturais e linguísticas.Item Soy hombre andino, pero no uso poncho: relações entre identidade e cultura andina na obra Los hijos de Hilario, de Macedonio Villafán Broncano(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2024-07-11) Corrêa, Lúcia de Fátima; Silva, Rogério Barbosa da; http://lattes.cnpq.br/1767099415509838; http://lattes.cnpq.br/7322017396242318A partir da análise literária da obra Los Hijos de Hilário (2018), do escritor andino Macedonio Villafán Broncano, busca-se discutir as relações entre identidade e cultura andina e refletir sobre o processo editorial que envolveu a construção da obra. Acreditase que nos sete contos e no conto em separado que formam o livro percebemos uma escrita marcada profundamente pela sua vivência intercultural. Percebemos, portanto, que há uma tensão permanente entre o quechua e o espanhol, o que interfere no seu nascimento e em como ele se apresenta editorialmente, já que seu estilo oral organiza uma "outra" espécie de livro, diferente do ocidentalizado e fora do cânone da literatura hispânica. Pretende-se, por meio da análise da narrativa poética do autor, buscar as características e vestígios que contemplem a cosmovisão andina, a oralidade, a língua quechua e outros aspectos culturais próprios da região do Callejón de Huaylas, região localizada ao norte do Peru, no Departamento de Áncash. Os aportes teóricos foram buscados nos americanistas clássicos: Antônio Cornejo Polar, Ángel Rama e Néstor Canclini para trabalhar conceitos de heterogeneidade, transculturalidade, mestiçagem e também nos estudos recentes de pesquisadores da nova geração peruana, tais como Gonzalo Espino Relucé, Mauro Macedo Mamani, Alejandro Mautino Guillén, Vidal Guerrero Tamara, Carlos Toledo Quiñones, entre outros que reivindicam um novo status para a literatura produzida nos Andes.Item Ensino de inglês como ferramenta de inclusão junto a aluno com transtorno do espectro autista em sala de aula(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2024-08-27) Carmo, Cláudia Sales do; Parreiras, Vicente Aguimar; http://lattes.cnpq.br/0572931273424168; http://lattes.cnpq.br/8946413812039783; Parreiras, Vicente Aguimar; Souza, Gasperim Ramalho de Souza; Mendes, Maurício Teixeira;A presente dissertação visa implementar o uso de Metodologias Ativas como instrumento motivador de inclusão do processo ensino e aprendizagem de alunos com Transtornos Globais de Desenvolvimento, mais especificamente, Transtorno do Espectro Autista, de uma turma de 6º ano nas aulas de inglês, através da abordagem do uso da Dinâmica Interacional Pedagógica Adaptativa Complexa (DIPAC). Utilizamos como fonte de dados uma sequência didática correspondente a um trimestre, porém com a culminância em cinco aulas, que foi produzida pela pesquisadora-professora com a diretriz de seu orientador. Trata-se de uma pesquisa qualitativa-participante e seu formato é um estudo de caso. A coleta de dados aconteceu via observação, que foi registrada em um diário de bordo da pesquisadora e um relato da atendente escolar e da professora da Sala de Atendimento Educacional Especializado ao término da pesquisa. Ocorreu também uma Avaliação de Satisfação dos próprios alunos participantes, de forma objetiva e clara, por um impresso próprio. Discutimos neste trabalho como a adaptação de metodologia pode contribuir para um melhor processo de ensino-aprendizagem e para a inclusão de alunos com deficiência de forma efetiva.