Os jovens pobres e a construção civil: a recusa pelos canteiros de obras

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Data

2017

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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Resumo

A construção civil foi uma das poucas possibilidades de oportunidade de trabalho para os jovens pobres, com baixa escolaridade, sem qualificação e oriundos do meio rural. Esse quadro tem mudado e cada vez menos eles parecem atraídos pelos canteiros de obras, onde os trabalhos pesados, insalubres e de pouco prestígio social ainda predominam. O cenário merece atenção, pois, se esses jovens encontram dificuldades para acessar o primeiro emprego, a construção civil reclama a falta de mão de obra. Os fatores que contribuíam, no passado, para tornar jovens pobres em operários parecem não serem muito diferentes dos atuais, com destaques, acentuados por nós, para a escola, a família e o grupo social. O que parece ser diferente é o caminho operário que eles tomam em busca de trabalho. A metodologia utilizada nesta pesquisa foram questionários, entrevistas e grupo focal com 14 jovens. Os participantes da pesquisa eram do sexo masculino, com idades entre 15 e 18 anos, alunos de escola pública e residentes na região de Belo Horizonte. Os resultados da pesquisa mostram que, quanto mais alto o nível de escolaridade dos jovens e mais habituados às tecnologias atuais, sobretudo as relacionadas à informática e à comunicação, mais atraentes lhes parecem as oportunidades de trabalho relacionadas às atividades de escritório. Da mesma forma, mais eles se julgam livres e no direito de escolher qualquer trabalho, ou seja, não se sentem na obrigação de ter o mesmo ofício de seus pais. Os jovens acreditam, ainda, que o sucesso ou o fracasso que possam vivenciar em suas vidas depende unicamente deles e que podem contornar as contingências sociais com esforço pessoal. Eles parecem também mobilizar os seus esforços para conseguir um trabalho que lhes permita ascensão social e poder. Mas, ao fracassarem na busca do trabalho desejado, eles inevitavelmente aceitarão trabalhos que consideram socialmente desvalorizados, como o da construção civil, visto como precário e sem garantias sociais.

Descrição

Palavras-chave

Educação e trabalho, Jovens - Trabalho e educação, Indústria da construção civil

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