Fractal de aprendizagem: motivação, autonomia e interação no ensino e na aprendizagem sob o paradigma da complexidade
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Data
2023-12-11
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Resumo
Nesta pesquisa, buscamos demonstrar, com base no paradigma da Complexidade, a relação
existente entre motivação, autonomia e interação — a nosso ver, basilares na construção do
conhecimento —, para defendermos a tese de que a articulação e o encadeamento entre esses
três fatores caracterizam o que denominamos “fractal de aprendizagem”. Para isso, partimos
da reflexão sobre o pensamento complexo do filósofo Edgar Morin (2003, 2011) e das teorias
que compõem esse paradigma, tais como a dos Sistemas Adaptativos Complexos na
perspectiva de Larsen-Freeman (1997), Larsen-Freeman e Cameron (2008), Bertalanffy
(2010), Paiva e Nascimento (2009); a do Caos (Lorenz, 1993; Gleick, 1989) e a dos Fractais
(Mandelbrot, 1967, 1982 e 1998), também conhecida como a Geometria do Caos. Nesse
sentido, com o fito de correlacioná-las com teorias de aprendizagem recorrentes no campo
educacional da atualidade, construímos um aporte teórico embasado em Piaget (1973, 1976,
1999), sobre a interação com o meio e com o objeto; em Vygotsky (1984, 2001, 2005), a
respeito da interação com o meio social; em Freire (2017), no que tange ao conhecimento
prévio do educando e à autonomia; e em Long (1983) e Ellis (1999), a respeito da Interaction
Hypothesis. Tal fundamentação teórica se apoia em conceitos do paradigma da complexidade
que, também, embasam a discussão sobre o emprego da Dinâmica Interacional Pedagógica
Adaptativa Complexa (DIPAC) como um design pedagógico inovador. Ademais, com o
objetivo de identificar e de descrever o fractal de aprendizagem subjacente a essas abordagens
teóricas e à DIPAC, geramos os dados com docentes da educação básica estadual de Minas
Gerais inseridos na Superintendência Regional de Ensino Metropolitana A nos anos de 2022 e
2023. Para isso, ofertamos um curso de formação contínua de professores a essa regional, que
teve como foco o emprego da DIPAC e de metodologias ativas. O problema gerador da
pesquisa adveio da necessidade de superação das barreiras da cultura escolar linear.
Professores e pesquisadores, imersos na realidade repleta de fatores sociais, econômicos,
históricos e políticos, se veem desafiados a adotarem práticas pedagógicas que não apenas
rompam com o paradigma tradicionalista de educação, mas que também motivem os
estudantes a buscarem e a construírem conhecimentos de maneira autônoma e significativa.
Nesse contexto, a motivação se destaca como um fator primordial nos processos de ensino e
de aprendizagem, cuja compreensão vai além da identificação de sua manifestação. A tese
defende a necessidade de os professores desenvolverem conhecimentos sobre os estilos de
aprendizagem dos alunos, a fim de estimulá-los na busca autônoma do conhecimento e propõe
a introdução do paradigma da Complexidade nas práticas docentes, desafiando crenças
fossilizadas sobre ensino e aprendizagem. Argumentamos também que os processos
educativos são intrinsecamente influenciados por conjunturas sociais, econômicas, históricas e
políticas, bem como pelas experiências vivenciadas por estudantes e professores. Os objetivos
delineados apontam para a investigação de indícios de geometria fractal nas relações entre
motivação, autonomia e interação nos processos de ensino e de aprendizagem e a metodologia
envolve a correlação do design pedagógico da DIPAC com esses fatores, a categorização de
traços característicos da Complexidade nas narrativas dos professores e a identificação de
indícios da geometria fractal nos dados gerados para a pesquisa. Os resultados, obtidos por
meio de questionários eletrônicos e entrevistas semiestruturadas, foram analisados sob os
preceitos metodológicos da Análise de Conteúdo (Bardin, 2016) e sistematizados em 11
categorias de análise. Após esse trabalho, pudemos ilustrar a proposta do fractal de
aprendizagem, evidenciando, assim, que a aprendizagem ocorre por meio da relação entre
motivação, autonomia e interação, de modo a estimular e a desenvolver o protagonismo
estudantil na formação do próprio conhecimento. Na conclusão, ficou demonstrado que a
pesquisa atingiu seus objetivos ao correlacionar as propriedades fractais com a aprendizagem,
ao ressaltar traços complexos na DIPAC e a relevância de metodologias ativas na educação e
ao propor a superação do ensino tradicionalista, estimulando, desse modo, o protagonismo
estudantil alinhado às diretrizes educacionais nacionais. Para além disso, finaliza-se com a
proposição do conceito de fractal de aprendizagem e sua aplicabilidade em diferentes níveis e
modalidades de ensino, enfatizando, assim, a importância da formação contínua de
professores e de investimentos na transformação do sistema educacional brasileiro. A
pesquisa não apenas identifica desafios, mas também indica soluções teoricamente
fundamentadas com vistas a aprimorar o panorama educacional do país.
Descrição
Palavras-chave
Complexidade (Filosofia), Motivação para Aprendizagem, Autonomia, Análise de interação na educação, Prática pedagógica