Não nos ignorem: representações discursivas sobre as juventudes em livro didático destinado à educação de jovens e adultos ensino fundamental
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Data
2022-05-06
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Editor
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Resumo
Esta pesquisa propôs-se a compreender como as juventudes na faixa etária entre 15 e 24 anos são representadas discursivamente nos livros didáticos da Educação de Jovens e adultos (EJA), já que estes estudantes compõem mais de 60% das matrículas, conforme o último IBGE/2018. Chamamos a atenção para o fato de que, embora haja acesso, não há permanência dos estudantes em turmas iniciais e em turmas diploma-conclusão, conforme aponta Rojo (2001, p. 28). A exclusão escolar se evidencia pela reprovação, pela evasão ou por poucos avanços na aprendizagem, entre outras razões. Decidimos analisar os livros didáticos que circulam nas turmas da EJA, para observarmos a sua contribuição neste processo de prática social excludente. Nosso corpus foi o Livro EJA MODERNA, 2013, anos finais, aprovado no último PNLD/EJA/2014, em específico, os capítulos destinados à disciplina Língua Portuguesa. Através da abordagem qualitativa, ancoramos a pesquisa na base teórica da Análise Crítica do Discurso, proposta por Fairclough (2001); e na base analítica da Decolonização da Análise crítica do discurso, sob a égide do pensamento de Resende (2019). Também sustentados pelos letramentos críticos de Paulo Freire (2015) Soares (2017), Monte Mór (2018), Street (2014), compreendemos a visada autoidentitária das juventudes através das mais variadas práticas sociointeracionais. Para compreensão das juventudes, tomamos como base os estudos teórico-críticos das juventudes de BH efetivados por Dayrell (2003), Da silva (2007) e Arroyo (2018), (2019), (2020). Construímos um quadro de análise decolonial, interrogando-nos sobre as práticas decoloniais de expurgo do outro e silenciamento do corpo e vozes das juventudes que não são representadas discursivamente, através de textos escritos, imagens ou do próprio letramento comum utilizado. Consideramos, como Bagno (2015), que o ensino gramatical presente nesses livros compõe a lógica da exclusão à aprendizagem. Os resultados sinalizam que a proposta pedagógica sistematizada nos livros didáticos para o ensino de leitura, escrita e oralidade privilegia a naturalização, o eufemismo e uma abordagem monolinguística centrada na norma culta. Em contrapartida, exclui do debate a cultura, os valores, as necessidades essenciais e os anseios das juventudes negras, periféricas, que constituem o maior público da EJA. A importância desta pesquisa reside na reflexão sobre os letramentos críticos e nos estudos decoloniais como forma de compreender as relações de poder, de desigualdade e de injustiça social. Na conclusão, sugerimos novas pesquisas com novos atores sociais e defendemos a urgente necessidade de lutarmos por uma pedagogia com base nos letramentos críticos para a EJA, que em vez da omissão assume o lugar da transformação e da potencialização.
Descrição
Palavras-chave
Livros didáticos, Juventude, . Análise crítica do discurso, Letramento, Decolonização, Educação de jovens e adultos