Governamentalidade, industrialização do ensino e censo: leitura foucaultiana da década de 1920

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Data

2017-05-25

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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Resumo

Esta dissertação centrou-se inicialmente na tentativa de estabelecer uma relação entre o censo de 1920 e a industrialização do ensino. O primeiro esforço para encontrar esta possível relação foi entender a década de 1920 como um período de confluência de diversas ações, do Estado ou da sociedade, que pretendiam inaugurar o Brasil na modernidade. Dentre tais ações destacase a adoção de uma política educacional diferenciada, que se materializou em vários projetos, entre eles o de industrializar o ensino dos ofícios. Por industrialização do ensino, entendemos dois movimentos. O primeiro, posto em prática no Instituto Técnico Profissional de Porto Alegre, visava alinhar o ensino dos ofícios à produção manufatureira. O segundo movimento resulta da criação de propostas pedagógicas que inseriam alguns preceitos da lógica da produção industrial ao ensino dos ofícios. Em que sentido o censo de 1920 pode ser incorporado a uma análise sobre industrialização do ensino? A relação que tentamos estabelecer entre o censo de 1920 e a industrialização do ensino fundamentou-se na seguinte questão: De que maneira os dados censitários forneceram subsídios para a elaboração dos projetos de industrialização do ensino? Concluímos que, apesar da riqueza de dados do Censo de 1920, e do reconhecido sucesso de sua realização, as informações por ele fornecida não nortearam de maneira crucial os projetos de educação profissional no Brasil. O que nos fez abandonar o problema central da pesquisa que pretendíamos realizar. Mas outro problema já estava posto. Como os dois processos, Censo de 1920 e industrialização do ensino, são entendidos nesta pesquisa enquanto iniciativas do poder “público”, a razão do Estado foi determinante para a compreensão da relação que se pretendia fazer entre eles. É neste sentido que apareceu o pensamento de Michel Foucault. Na perspectiva foucaultiana, o Estado foi gradativamente “governamentalizado”, conduzido à preeminência de um tipo de poder que inseria nas práticas de governo uma racionalidade própria, fundamentada em dispositivos de poder, novos ou atualizados. O dispositivo, enquanto modelo teórico e metodológico que concentra todo um corpo de estratégias de poder, passou a fundamentar a leitura dos nossos elementos de estudo. Analisando as características dos dispositivos, identificamos a utilidade do Censo ao dispositivo de segurança e os projetos de industrialização do ensino enquanto dispositivo disciplinar, e de segurança. Isso não inaugura, imediatamente, uma relação entre eles. Mas os insere num mesmo contexto, diante de uma mesma lógica de aplicação da racionalidade do Estado. E é este o ponto que se tornou central na nossa análise e se configurou como nosso objeto de pesquisa.

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Palavras-chave

Censo demográfico - Estatística, Educação - Política governamental, Ensino industrial - História - Brasil, Ensino e aprendizagem, Ensino técnico

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