Doutorado em Estudos de Linguagens
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Navegando Doutorado em Estudos de Linguagens por Assunto "Análise do discurso"
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Item Bolsonaro fala à nação: o conflito discursivo na construção de um simulacro populista(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2024-09-10) Soares, Joarle Magalhães; David, Giani; http://lattes.cnpq.br/8863282319980625; http://lattes.cnpq.br/9316890112573582; Mendes, Paulo Henrique Aguiar; Sanglard, Fernanda Nalon; Silva, André Luiz; Andrade, Antônio Augusto BraicoA pesquisa tem como propósito verificar de que maneira o discurso filiado à extrema direita internacional foi institucionalizado por Jair Bolsonaro no exercício da Presidência do Brasil. O político de carreira, com 28 anos de atuação no Congresso Nacional, venceu as eleições de 2018 com uma retórica vulgar, ofensiva e antissistema, sustentada em desinformação e fake news, que foi vista como parte de um discurso autêntico, em uma percepção ingênua e perigosa para aqueles que viram esse movimento como uma ameaça ao sistema democrático. A investigação parte de uma discussão sobre a relevância desse comportamento transgressor na condução das ações governamentais. Ele deveria ser colocado em segundo plano ou ser considerado como fator constituinte da maneira do presidente governar? De que forma essa estratégia discursiva foi legitimada e utilizada para dar credibilidade às declarações oficiais dirigidas à nação? Tendo como perspectiva norteadora a Teoria Semiolinguística e os estudos do discurso político de Patrick Charaudeau, a busca pelas respostas se deu a partir da análise de um conjunto de oito pronunciamentos do ex-presidente, transmitidos em cadeia nacional de rádio e televisão, entre 2019 e 2022. Por meio de um esquema metodológico, elaborado a partir da estrutura do ato de linguagem, foram traçados dois fluxos analíticos para caracterizar a situação de comunicação e apontar os efeitos de sentido nela gerados. Foi demonstrado que o sujeito comunicante (EUc) busca projetar para o destinatário (TUd) um enunciador formado, principalmente, por dois fluxos geradores de efeitos de sentido: o político (mais associado ao ethos pré-discursivo, formatado pela rede interdiscursiva filiada à extrema direita) e o presidencial (associado à liturgia do cargo e moldado pelos termos firmados no contrato de comunicação). O trabalho resgata o contexto político e social no qual se deram os atos enunciativos para apontar os principais sentidos que caracterizam o ethos, o pathos, os imaginários e os elementos pré-validantes deste contrato. A pesquisa também apresenta, nos dois primeiros capítulos, um apanhado histórico que resgata fatores determinantes para entender a ascensão da extrema direita no país e as influências do tecnopopulismo, do negacionismo e do neofascismo na política bolsonarista. Ao final do estudo, considerando o resultado dos gestos analíticos, propõe-se um método para visualizar como o discurso de Jair Bolsonaro foi erguido a partir de imaginários populistas e estratégias de manipulação adotadas para mascarar as suas reais intenções. O ex-presidente imprimiu sentidos que fizeram suas falas oficiais transgredirem o contrato pré-estabelecido. Uma transgressão que não ocorreu de maneira estética, mas discursiva. Se, por um lado, Bolsonaro não se expressou de forma vulgar e agressiva; por outro, recorreu aos imaginários formadores de seu jeito autêntico. Emergiu dos pronunciamentos representações e características do discurso populista filiado à extrema direita, que acabaram representando um reforço institucionalizado a ideias autoritárias e antidemocráticas. A partir dos principais fatores identificados na análise do corpus, foi possível constatar como o ex-presidente, na condução das ações governamentais, fundamentou seus discursos majoritariamente em crenças subjetivas, deixando em segundo plano o pragmatismo que poderia guiá-lo em situações de crise. O trabalho aponta como Bolsonaro, portando-se como um agente de impostura, desvirtuou os pronunciamentos com a finalidade de legitimar um simulacro populista.Item Correio Feminino: a reconstrução da cena de enunciação do discurso feminino na escrita jornalística de Clarice Lispector(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2019-03-19) Beltrão, Rosane Vicentina Goulart; Villela, Ana Maria Nápoles; http://lattes.cnpq.br/5289190156958505; http://lattes.cnpq.br/1130305372237915; Nunes, Aparecida Maria; Mello, Renato de; Arão, Lílian Aparecida; Muniz Júnior, José de Souza; Santos, Andréa SoaresNesta tese, o objetivo central é investigar a enunciação da profissional de imprensa que foi Clarice Lispector, no intuito de desvelar a reconstrução da cena enunciativa e do ethos discursivo no livro Correio Feminino, obra que, editada, postumamente em 2006 pela editora Rocco, reúne parte de sua produção para colunas femininas, nos anos 50 e 60, em diferentes jornais. Esse objetivo vincula-se a duas questões centrais que orientaram a investigação. A primeira surgiu do interesse por conhecer o modo como se dá a construção da cena enunciativa e do ethos discursivo nos textos que integram essa produção jornalística de Clarice Lispector. Partindo dos pressupostos teórico-metodológicos de Maingueneau (1995, 1996, 2001, 2004, 2008a, 2008b, 2008c, 2014, 2015) e adotando sua concepção de que o gênero, como prática discursiva, deve ser abordado como um ritual socialmente convencionado e submetido a critérios de êxito, busquei analisar a coluna feminina a partir da observação da relação entre cena genérica e cenografia, para responder, assim, ao primeiro questionamento. A segunda questão relaciona-se ao livro Correio Feminino e à hipótese de que haveria a criação de uma outra cenografia cujo núcleo é o livro e seu processo de edição, mais especificamente, o trabalho realizado pela organizadora do livro e pela designer responsável pelo projeto gráfico da obra. Assim, considerando (i) que esse livro não se constitui em uma simples reprodução dos textos de jornal como outros livros que abrigam coletânea desse tipo de textos e, ainda, (ii) que o resgate dessa produção acontece por um processo de mediação ocorrido na e pela publicação dessa obra, permitindo que o texto se torne livro e se proponha como tal ao leitor, levantou-se o questionamento de como, nesse movimento, uma nova cena enunciativa é construída - hipótese que norteou esta investigação. Em busca das respostas para tais questionamentos, além da teoria de Maingueneau, tornou-se necessário um aparato teórico acerca da literatura sobre o livro e sua edição. Para tanto, trouxemos, para nossa discussão, teóricos como Chartier (2014, 2002, 1999, 1996), Hendel (2005), Gruszynski (2008), Genette (2009), dentre outros. Foi-nos, ainda, de fundamental importância, o trabalho de Aparecida Maria Nunes, pesquisadora, desde os anos 1980, das atividades de Clarice Lispector como repórter e entrevistadora, como cronista e colunista para que, no percurso da investigação, fosse possível responder a vários questionamentos e concluir os objetivos desta pesquisa, chegando, assim, à confirmação da hipótese que norteou este trabalho: em Correio Feminino, pela articulação de outras vozes - a da organizadora e da designer responsável pelo projeto gráfico, verifica-se a construção de uma nova cena de enunciação, bem como do ethos - o especialista da obra de Lispector - que dela participa, para cumprir o propósito dessa obra - oferecer ao leitor de Clarice Lispector uma outra Clarice Lispector, a jornalista feminina.Item O direito de publicar: autopublicação, fast-publishing e tecnologias digitais no mercado editorial brasileiro(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-11-29) Vecchio, Pollyanna de Mattos; Ribeiro, Ana Elisa; http://lattes.cnpq.br/7474445800716834; http://lattes.cnpq.br/6126068549062032; Ribeiro, Ana Elisa; Lessa, Cláudio Humberto; González, Jenny Teresita Guerra; Domingos, Ana Cláudia Munari; D'Andréa, Carlos Frederico de BritoEsta pesquisa investiga a autopublicação e o advento das tecnologias digitais no mercadoeditorial brasileiro, tendo como foco o autor autopublicado e sua projeção discursiva de si. Aautopublicação é o ato de um autor publicar seu livro ou outro produto editorial de formaindependente, em resposta a uma demanda própria, com ou sem a assistência de uma editoraprofissional ou plataforma de autopublicação e sem riscos financeiros para a empresa contratada(ARAÚJO, 2011; 2013; MÜLLER, 2017; JESUS; BLOTTA, 2018; JESUS, 2017; 2020;VECCHIO, 2020a; 2020b). Uma vez que o mercado editorial está permeado por imagináriossocioculturais que reforçam o estereótipo do autor autopublicado como um profissional demenor valor, pelo fato de suas publicações não terem passado pelo crivo de uma editoraconvencional, entendemos que se trata de um profissional invisibilizado. Assim, esta pesquisautiliza a Análise do Discurso de linha francesa para investigar um conjunto de entrevistas feitascom autores de ficção e poesia autopublicados em plataformas disponíveis no Brasil. Comometodologia, foi feita uma integração de métodos qualitativos e quantitativos de coleta e análisede dados, por meio de uma triangulação de técnicas de pesquisa, quais sejam: a) análisedocumental; b) questionário semiestruturado; e c) entrevistas em profundidade. Na análisedocumental, consideramos como corpus os contratos das plataformas digitais de autopublicaçãocom os autores autopublicados. As entrevistas foram realizadas em duas fases: FASE 1 – umquestionário semiestruturado online aplicado a uma amostra de 380 autores dentro do perfildesejado, a fim de desenvolver um mapeamento da categoria no Brasil; e FASE 2 – uma amostrade vinte entrevistas em profundidade, coletadas e analisadas com técnicas de narrativa de si(ARFUCH, 2010; BERTAUX, 2006), com o intuito de observar a projeção de si dosentrevistados e a forma como os imaginários sociodiscursivos oriundos do mercado editorial edas plataformas se manifestam em suas falas. A pesquisa tem como suporte teoriascontemporâneas da Edição, a Filosofia da Tecnologia e estudos sobre o Capitalismo dePlataforma (SRNICEK, 2016). Em relação à análise dos contratos, revelou-se que há índices deprecarização do trabalho na relação entre as plataformas e os autores, na esteira daplataformização do trabalho e da produção cultural. Em relação aos autores, as projeções de sidos entrevistados revelam, entre outros, os seguintes perfis: a) autores que não têm experiênciano mercado editorial e se enquadram no perfil clientelista descrito por Müller (2017); b) autoresque se submetem às lógicas algorítmicas de funcionamento das plataformas e produzemmercadoria cultural contingente (POELL; NIEBORG, 2018); e c) autores que demonstram umavisão crítica de si, de sua função como autor independente, do papel desempenhado pelaplataforma dentro do mercado editorial e que se apropriam da tecnologia a seu favor, a fim dealcançar uma realização humana que aqui argumentamos que seja fundamental para muitoshomens e mulheres, em todo o mundo e ao longo da história: o direito de publicar. Comoresultado da pesquisa, buscando contribuir para melhor compreensão sobre a autopublicaçãodigital no Brasil e seus desdobramentos para o futuro do campo da Edição, propomos ecomplementamos três concepções: 1) a Fast-publishing, o modelo como o capitalismo deplataforma se manifesta no mercado editorial e na literatura; 2) o Coletivismo de plataforma,um efeito colateral não previsto pela fase atual de desenvolvimento da tecnologia e que sebaseia na sua apropriação e possível subversão por parte de seus usuários; e 3) o Autor-Editor,o perfil atual de um profissional que se torna editor na prática em função de sua atuação comoautor autopublicado.Item O português como língua de acolhimento (PLAc) nas narrativas de mulheres migrantes(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-04-04) Silva, Flávia Campos; Arão, Lílian Aparecida; http://lattes.cnpq.br/3976006976620049; http://lattes.cnpq.br/9505084917656676; Arão, Lílian Aparecida; Osório, Paulo José Tente da Rocha Santos; Leroy, Henrique Rodrigues; Moreira, Carla BarbosaEsta tese refere-se a uma contribuição para a ampliação dos estudos linguísticos sobre a prática de ensino de Português como Língua de Acolhimento (PLAc) no Brasil. Partindo da análise do discurso de mulheres migrantes aprendizes de PLAc, cujas vozes foramsequestradas e impedidas de existir na História das Migrações, o objetivo é, por meio da abertura de espaço para que esse grupo possa dizer-se e compartilhar suas experiências nos percursos e procedimentos migratórios, verificar que tipo de configuração éconstruída sobre esse ensino de Português que está posicionado como uma das poucas formas de agenciamento linguístico no nosso país. Assim, esta investigação está dedicada a 1) Caracterizar o ensino de PLAc no Brasil e no CEFET-MG; 2) Verificar se e como o PLAc participa do processo de reconstrução identitária das mulheres migrantes na sociedade da acolhida; 3) Analisar se e como o PLAc tem contribuído para uma (re)configuração discursiva de padrões de sociabilidade e para a construção de outras inteligibilidades por meio do acesso à língua 4) Comparar se o discurso da mulher migrante aprendiz do curso de PLAc condiz com a proposta de ensino dessa prática socioeducativa que está posicionada como uma abordagem estruturada com vistas ao cumprimento de uma função social, humana, política, crítica e transgressiva. O percurso de trabalho é iniciado por uma tentativa de (des)estabilização discursiva da atual configuração migratória que tem enxergado formas de agenciamento quase exclusivamente pelo viés da problemática (MARTINS, 1998; ELHAJJI, 2011; BAUMAN, 2017). Na sequência, o contexto sócio-histórico em que a migração feminina no Brasil e no mundo começou a ser (re)significada e os reflexos de um tímido reconhecimento da presença da mulher nos fluxos será analisada (ASSIS, 2003, 2007; BOYD; GRIECO, 2003; USHER, 2005; MARINUCCI, 2007; BASSANEZI, 2012; MATOS et al., 2018). No curso da investigação, será realizada uma reflexão sobre os conceitos de PLAc de modo a apontar sua importância em um quadro de ausências de políticas linguísticas de Estado para migrantes de crise no Brasil e verificar seu (suposto) potencial emancipatório e participação no processo de (re)territorialização do sujeito migrante no novo endereço de domicílio (AMADO, 2011, 2013, 2016; BARRANTES, 2015; MARQUES, 2018; ARANTES ET AL., 2015, 2016, 2017; PEREIRA, 2016; VESCHI, 2017; HARTWIG; SILVA, 2017; GROSSO ,2010; VIEIRA, 2010; REZENDE, 2010; SÃO BERNARDO, 2016; LOPEZ, 2016; CAMARGO, 2019; BOTTURA, 2019)–abordagens que têm problematizado a dinâmica de funcionamento do PLAc (SANTOS, 2000; ANUNCIAÇÃO, 2017, 2018; LOPEZ, 2018; DINIZ; NEVES, 2018), com vistas à ampliação da compreensão do objeto de pesquisa,também serão contempladas. Dando continuidade à investigação, as teorizações de Spolsky (2004, 2009, 2012); Mariani (2004, 2007), Zoppi-Fontana; Diniz (2008), Zoppi-Fontana (2009), Diniz (2010, 2012) e Oliveira (2007, 2013) serão exploradas de modo a verificar quais são as implicações das políticas linguísticas no funcionamento da língua de acolhimento no Brasil hoje. A análise dos dados da pesquisa será feita com base nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso (PÊCHEUX, 1969, 1971, 1975, 1984, 1990; ORLANDI, 1992, 2001, 2012) e em aspectos conceituais das Narrativas de Vida (BAKHTIN, 1929, 1963; RICOUER, 1997; LEJEUNE 2008; ARFUCH, 2010). Para explorar a narrativização de experiências, os processos de (re)negociação identitária e os modos de subjetivação das mulheres migrantes frente ao fomento da acolhida linguística, oriento-me pelos pressupostos de Foucault (1975, 1984, 1979/1980) e Butler (2015). A metodologia desta tese será conduzida por preceitos da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006); Emancipada (RAJAGOPALAN, 2010); Crítica e Transgressiva (PENNYCOOK, 2001, 2006) e da práxis decolonial (ORTIZ FERNÁNDEZ, 2004; MIGNOLO, 2007; QUIJANO, 2005, 2008; WALSH, 2002, 2005, 2007, 2009, 2013) –escolhas inevitáveis para dar conta da complexidade dos imperativos migratórios e suas subjetividades e (re)direcionar o olhar do/no Sulpara as lutas que se impõem nesse universo de multiterritorialidades tão particulares em que o PLAc se desenvolve.Item Subjetividade e novos media em tempos de pós-verdade: um olhar analítico-discursivo em torno de (des)construções narrativas na contemporaneidade(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-04-26) Azevedo, Andrey Ricardo; David, Giani; http://lattes.cnpq.br/8863282319980625; http://lattes.cnpq.br/5148457918364443; David, Giani; Lessa, Cláudio Humberto; Andrade, Antonio Augusto Braico; Mendes, Paulo Henrique Aguiar; Xavier, Mariana Ramalho ProcópioInvestigamos, sobaótica da Análise do Discurso(AD), formas outras de subjetividade emergíveis da pós-verdade em tempos de comunicação digital e disputas narrativas no jogo político-eleitoral. O objeto empírico parte das principais fake news propagadas durante as eleições presidenciais no Brasil, em 2018, para um posterior recorte metodológico envolvendo a questão dos valores (moral) e a temática do "kit gay", amplamente explorada durante o pleito. A problemática da subjetividade torna-se oportuna e instigante, neste caso, por apresentar lacunas ainda não suficientemente exploradas noâmbito da AD, sobretudo, da Teoria Semiolinguística, de Charaudeau, centrada na ideia de um sujeito dotado de autonomia. O caminho primeiro foi questionar essa autonomia, a partir de particularidades desse novo contexto capitaneado pelas fake news, que pudessem "subverter" elementos considerados basilares na teoria do sujeito charaudeana. Paralelamente, incorporamos à pesquisa, em perspectiva interdisciplinar, aportes teórico-metodológicos que pudessem cobrir eventuais lacunasnão previstas na Semiolinguística, como observar a recepção a partir de ideias trazidas por Benjamin(choque)e/ou Dunker (psicanálise). Buscamos explorar a questão do ethosem frentes distintas, bem como refletir sobre a dimensão ética com base em Marie-Anne Paveaue Foucault, entre outros autores. De Foucault, extraímos também importantes reflexões em torno das noçõesde poder, regimes de verdade e da própria concepçãode sujeito.Entre os resultados até aqui, vemos que o entendimento sobre a subjetividade, no ambiente das fake news, transpõem alguns "limites analíticos" previstos na Semiolinguística. Isso é perceptível, por exemplo, na medida em que o reconhecimento do contrato de fala fica comprometido, camuflado como se fosse de informação (midiático). Nessa mesma esteira, percebemos em jogo estratégias tendentes a "falsear" um equilíbrio, na organização dos saberes, desejável para o constructo das representações sociais e, por conseguinte, para a própria autonomia do sujeito. Referimo-nos, neste caso, na tendência de as fake newsse sustentarem nos saberes de crenças, mas se passarem por um saber de conhecimento. Merece também atenção a esfera da recepção (e seus efeitos), que, no âmbito dasfake newse das redes sociais digitais, deixa-se levar por uma compreensão rasa, distraída, sem muita ambiguidade, no processo interpretativo. Tais aspectos, em si, já denotam um sujeito sobredeterminado pela urgência das leituras e respostas, dos cliquese compartilhamentos, um processo seduzido pela "pulsão" e que nominamos "efeito latente de recepção". Por fim, no domínio externo (ser social), percebemos implícitas nas fake newsestratégias conduzidas por sujeitos que têm um projeto, político-ideológicoe neoconservador, mas que não o revela explicitamente. Vê-se então, embaçadas pelo universo da pós-verdade, construções narrativas consideradas manipuladoras, que limitam a heterogeneidade de vozes, asfixiam a singularidade e a alteridade. Em linguagem foucaultiana, não estaríamos diante de meras disputas pelo poder ou novos regimes de verdade, mas do desejo de se fazer valer um "estado de dominação" e quase aporia que, ao sufocar a liberdade, mostra seu desprezo pela própria dimensão ética.Item Vestígios de campanhas de conscientização e educação de trânsito no discurso de motoristas(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2018-12-14) Teodoro, Agmar Bento; Silva, Giani David; http://lattes.cnpq.br/8863282319980625; http://lattes.cnpq.br/5779457327718725; Silva, Giani David; Dias, Dylia Lysardo; Moreira, Carla Barbosa; Arão, Lílian Aparecida; Andrade, Antônio Augusto Braighi; Ribeiro, Renato GuimarãesO objetivo principal desta tese foi avaliar no discurso de condutores de automóveis sobre segurança no trânsito, bem como o discurso que decorre campanhas de conscientização e educação de trânsito. Para tal foi desenvolvido um instrumento de coleta de dados dividido em duas partes. A primeira parte teve como objetivo levantar o perfil dos participantes, tais como: idade, gênero, escolaridade, frequência com que dirige e se já se evolveu em acidente de trânsito. A segunda parte do instrumento foi composta por um roteiro para realização das entrevistas. As perguntas do roteiro foram elaboradas de forma a levar o entrevistado a refletir sobre a temática trânsito. O roteiro foi composto por oito perguntas orientadoras e foi dividido em três partes, baseadas em três efeitos: o emocional, o energético e o lógico. À medida que a entrevista avançava as perguntas se tornavam mais complexas incentivando o participante a refletir sobre o tema. Para análise das campanhas de educação e segurança no trânsito foram selecionadas quatro campanhas produzidas pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em parceria com o Ministério das Cidades, e veiculadas em mídia televisiva. As campanhas escolhidas têm quatro abordagens distintas, a saber: i) chocante, ii) emotivo, iii) técnico/informativo e iv) cômico. Foram realizadas entrevistas com doze motoristas, sendo seis do gênero masculino e seis do feminino. As entrevistas foram gravadas com auxílio de um gravador e posteriormente transcritas para serem analisadas. Com a finalidade de identificar os efeitos das campanhas nos discursos dos motoristas, foram montados dois grupos de participantes: para o primeiro grupo, composto por três mulheres e três homens, as entrevistas foram realizadas sem eles terem assistidos às campanhas selecionadas para o estudo; para o segundo grupo, foi realizada a mesma entrevista, no entanto, antes da entrevista, os participantes assistiram às campanhas. Sendo assim, para esta tese, os corpora para análise são compostos pelos discursos dos motoristas, extraídos com as entrevistas e as campanhas de conscientização e educação de trânsito. O aporte teórico que embasou as análises dos corpora foi a Teoria da Semiolinguística formulada por Patrick Charaudeau. Os discursos dos enunciadores foram analisados por meio da identificação do modo de organização enunciativo e dos imaginários sociodiscursivos. As campanhas de conscientização e educação de trânsito foram analisadas considerando as visadas discursivas. Foram identificadas nas campanhas quatro visadas: i) páthos, ii) informação, iii) incitação e iv) visada de prescrição. Tanto nos discursos dos participantes que assistiram às campanhas, como nas entrevistas dos enunciadores que não assistiram às campanhas foi possível identificar três especificações enunciativas, associadas à modalidade elocutiva, são elas: i) modo de saber, ii) modo de avaliação e iii) engajamento. Para as especificações modo de saber, foi possível identificar as categorias de constatação e de saber. Para o modo de avaliação, verificou-se a presença da opinião e apreciação. Já para a categoria enunciativa engajamento identificou-se a categoria declaração. Examinando os resultados nos dois grupos não há diferenças significativas na recorrência das categorias. O destaque maior se evidencia na categoria de opinião em que no grupo que não assistiu às campanhas há maior recorrência, 88 no total, e no grupo dos que assistiram às campanhas a ocorrência é de 53, uma diferença de 39 %. Em relação aos imaginários sociodiscursivos foi possível identificar, nos dois grupos, três saberes: i) saber de conhecimento de experiência, ii) saber de crença de opinião relativa e iii) saber de crença de opinião coletiva. Em relação ao contexto do discurso os argumentos se apoiam em experiências culturais. Ao comparar os dois grupos, foi possível notar, que para os enunciadores que assistiram às campanhas há uma quantidade maior de conteúdo argumentativo. Além de a quantidade ser maior há uma diferença no teor dos conteúdos, enquanto o primeiro grupo expôs mais sobre as questões físicas do trânsito, considerando-o bom e ruim, o segundo grupo argumentou mais sobre as relações e interações das pessoas no trânsito. As análises realizadas neste estudo, amparadas pelos pressupostos teóricos, permitiram concluir que as campanhas em análise apresentam como principal visada a incitação seguida pela visada patêmica, que funciona como uma forma de conquistar o expectador. Conclui-se também que as campanhas são capazes de proporcionar ao expectador uma reflexão mais profunda sobre o trânsito.