Doutorado em Estudos de Linguagens
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Navegando Doutorado em Estudos de Linguagens por Assunto "Análise do discurso"
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Item Aconteceu comigo: mulheres, narrativas de vida e violências nos quadrinhos de Laura Athayde(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-07-20) Lage, Nara Bretas; Arão, Lilian Aparecida; Latorre, Guisela Maria; http://lattes.cnpq.br/3976006976620049; http://lattes.cnpq.br/3661548454988674; Crescêncio, Cíntia Lima; Xavier, Mariana Ramalho Procópio; Nogueira, Érika Cristina Dias; Cestari, Mariana JafetNo Brasil, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada sete horas uma mulher é assassinada e a cada 10 minutos uma menina ou mulher é vítima de estupro. Números que são maiores quando observados, diz a pesquisa, a partir do viés de classe e de raça. É esse histórico de violências que a artista brasileira Laura Athayde retrata na série de quadrinhos Aconteceu Comigo, objeto desta pesquisa. Na coletânea, a quadrinista propõe-se a mostrar vidas de mulheres brasileiras a partir de situações pouco discutidas de suas vivências. Nesse sentido, acionei categorias de análise como narrativas de si, ativismo digital e os feminismos negro e decolonial como lentes para olhar as 69 HQs da série. Diante do universo observado, surgiram as indagações: em que medida e o que as vidas narradas em Aconteceu Comigo revelam sobre as vivências das mulheres brasileiras? Como as subjetividades são incorporadas às narrativas dessa coletânea de quadrinhos? O objetivo foi avaliar como e se Aconteceu Comigo contribui para a construção de narrativas de vida e discursos contra hegemônicos sobre as mulheres brasileiras, por meio dos quadrinhos. Para tal, analisei os quadrinhos a partir de um viés teórico- metodológico interdisciplinar, sobretudo com ênfase na Semiolinguística, ainda que tenha também me respaldado em teorias como narrativas de vida, comunicação, artivismo digital, feminismos e quadrinhos digitais. Realizei, ainda, um levantamento acerca da (r)existência ao silêncio e o esforço coletivo de mulheres na produção de conhecimento sobre as quadrinistas brasileiras. Questões essas que me permitiram identificar seis eixos narrativos interdependentes e muitas vezes conectados entre si, a partir dos quais essas vidas são relatadas nas HQs: a misoginia, as violências, os preconceitos e as opressões, os racismos, a LGBTfobia e a saúde mental. Percebi nas marcas de subjetividade e enunciação dos quadrinhos e no discurso das narrativas de vida apresentadas a emergência de vários Imaginários sócio-discursivos estabelecidos no Brasil em relação às mulheres, seus corpos e suas interseccionalidades como forma de exercício de poder sobre elas. Imaginários estes que são refutados ou reafirmados nas narrações a partir de ethé e pathé expressos nos discursos das mulheres que narram as HQs. Por fim, entendo que Laura Athayde constrói Aconteceu Comigo a partir de metodologia e gestos feministas e decoloniais que partem das várias dimensões políticas que perpassam as mulheres no Brasil, considerando as vivências individuais e coletivas em contextos contra hegemônicos de diversidade.Item Bolsonaro fala à nação: o conflito discursivo na construção de um simulacro populista(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2024-09-10) Soares, Joarle Magalhães; David, Giani; http://lattes.cnpq.br/8863282319980625; http://lattes.cnpq.br/9316890112573582; Mendes, Paulo Henrique Aguiar; Sanglard, Fernanda Nalon; Silva, André Luiz; Andrade, Antônio Augusto BraicoA pesquisa tem como propósito verificar de que maneira o discurso filiado à extrema direita internacional foi institucionalizado por Jair Bolsonaro no exercício da Presidência do Brasil. O político de carreira, com 28 anos de atuação no Congresso Nacional, venceu as eleições de 2018 com uma retórica vulgar, ofensiva e antissistema, sustentada em desinformação e fake news, que foi vista como parte de um discurso autêntico, em uma percepção ingênua e perigosa para aqueles que viram esse movimento como uma ameaça ao sistema democrático. A investigação parte de uma discussão sobre a relevância desse comportamento transgressor na condução das ações governamentais. Ele deveria ser colocado em segundo plano ou ser considerado como fator constituinte da maneira do presidente governar? De que forma essa estratégia discursiva foi legitimada e utilizada para dar credibilidade às declarações oficiais dirigidas à nação? Tendo como perspectiva norteadora a Teoria Semiolinguística e os estudos do discurso político de Patrick Charaudeau, a busca pelas respostas se deu a partir da análise de um conjunto de oito pronunciamentos do ex-presidente, transmitidos em cadeia nacional de rádio e televisão, entre 2019 e 2022. Por meio de um esquema metodológico, elaborado a partir da estrutura do ato de linguagem, foram traçados dois fluxos analíticos para caracterizar a situação de comunicação e apontar os efeitos de sentido nela gerados. Foi demonstrado que o sujeito comunicante (EUc) busca projetar para o destinatário (TUd) um enunciador formado, principalmente, por dois fluxos geradores de efeitos de sentido: o político (mais associado ao ethos pré-discursivo, formatado pela rede interdiscursiva filiada à extrema direita) e o presidencial (associado à liturgia do cargo e moldado pelos termos firmados no contrato de comunicação). O trabalho resgata o contexto político e social no qual se deram os atos enunciativos para apontar os principais sentidos que caracterizam o ethos, o pathos, os imaginários e os elementos pré-validantes deste contrato. A pesquisa também apresenta, nos dois primeiros capítulos, um apanhado histórico que resgata fatores determinantes para entender a ascensão da extrema direita no país e as influências do tecnopopulismo, do negacionismo e do neofascismo na política bolsonarista. Ao final do estudo, considerando o resultado dos gestos analíticos, propõe-se um método para visualizar como o discurso de Jair Bolsonaro foi erguido a partir de imaginários populistas e estratégias de manipulação adotadas para mascarar as suas reais intenções. O ex-presidente imprimiu sentidos que fizeram suas falas oficiais transgredirem o contrato pré-estabelecido. Uma transgressão que não ocorreu de maneira estética, mas discursiva. Se, por um lado, Bolsonaro não se expressou de forma vulgar e agressiva; por outro, recorreu aos imaginários formadores de seu jeito autêntico. Emergiu dos pronunciamentos representações e características do discurso populista filiado à extrema direita, que acabaram representando um reforço institucionalizado a ideias autoritárias e antidemocráticas. A partir dos principais fatores identificados na análise do corpus, foi possível constatar como o ex-presidente, na condução das ações governamentais, fundamentou seus discursos majoritariamente em crenças subjetivas, deixando em segundo plano o pragmatismo que poderia guiá-lo em situações de crise. O trabalho aponta como Bolsonaro, portando-se como um agente de impostura, desvirtuou os pronunciamentos com a finalidade de legitimar um simulacro populista.Item Correio Feminino: a reconstrução da cena de enunciação do discurso feminino na escrita jornalística de Clarice Lispector(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2019-03-19) Beltrão, Rosane Vicentina Goulart; Villela, Ana Maria Nápoles; http://lattes.cnpq.br/5289190156958505; http://lattes.cnpq.br/1130305372237915; Nunes, Aparecida Maria; Mello, Renato de; Arão, Lílian Aparecida; Muniz Júnior, José de Souza; Santos, Andréa SoaresNesta tese, o objetivo central é investigar a enunciação da profissional de imprensa que foi Clarice Lispector, no intuito de desvelar a reconstrução da cena enunciativa e do ethos discursivo no livro Correio Feminino, obra que, editada, postumamente em 2006 pela editora Rocco, reúne parte de sua produção para colunas femininas, nos anos 50 e 60, em diferentes jornais. Esse objetivo vincula-se a duas questões centrais que orientaram a investigação. A primeira surgiu do interesse por conhecer o modo como se dá a construção da cena enunciativa e do ethos discursivo nos textos que integram essa produção jornalística de Clarice Lispector. Partindo dos pressupostos teórico-metodológicos de Maingueneau (1995, 1996, 2001, 2004, 2008a, 2008b, 2008c, 2014, 2015) e adotando sua concepção de que o gênero, como prática discursiva, deve ser abordado como um ritual socialmente convencionado e submetido a critérios de êxito, busquei analisar a coluna feminina a partir da observação da relação entre cena genérica e cenografia, para responder, assim, ao primeiro questionamento. A segunda questão relaciona-se ao livro Correio Feminino e à hipótese de que haveria a criação de uma outra cenografia cujo núcleo é o livro e seu processo de edição, mais especificamente, o trabalho realizado pela organizadora do livro e pela designer responsável pelo projeto gráfico da obra. Assim, considerando (i) que esse livro não se constitui em uma simples reprodução dos textos de jornal como outros livros que abrigam coletânea desse tipo de textos e, ainda, (ii) que o resgate dessa produção acontece por um processo de mediação ocorrido na e pela publicação dessa obra, permitindo que o texto se torne livro e se proponha como tal ao leitor, levantou-se o questionamento de como, nesse movimento, uma nova cena enunciativa é construída - hipótese que norteou esta investigação. Em busca das respostas para tais questionamentos, além da teoria de Maingueneau, tornou-se necessário um aparato teórico acerca da literatura sobre o livro e sua edição. Para tanto, trouxemos, para nossa discussão, teóricos como Chartier (2014, 2002, 1999, 1996), Hendel (2005), Gruszynski (2008), Genette (2009), dentre outros. Foi-nos, ainda, de fundamental importância, o trabalho de Aparecida Maria Nunes, pesquisadora, desde os anos 1980, das atividades de Clarice Lispector como repórter e entrevistadora, como cronista e colunista para que, no percurso da investigação, fosse possível responder a vários questionamentos e concluir os objetivos desta pesquisa, chegando, assim, à confirmação da hipótese que norteou este trabalho: em Correio Feminino, pela articulação de outras vozes - a da organizadora e da designer responsável pelo projeto gráfico, verifica-se a construção de uma nova cena de enunciação, bem como do ethos - o especialista da obra de Lispector - que dela participa, para cumprir o propósito dessa obra - oferecer ao leitor de Clarice Lispector uma outra Clarice Lispector, a jornalista feminina.Item Estratégias retóricas, valores ideológicos e imaginários políticos indicadores de um discurso neoconservador veiculado em redes sociais(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2024-08-30) Oliveira, Jéssica Gomes de; Lessa, Cláudio Humberto; http://lattes.cnpq.br/0878316792233407; http://lattes.cnpq.br/4186096587571511; Baptista, Patricia Rodrigues Tanuri; Paulinelli, Maysa da Pádua Teixeira; Figueiredo, Ivan Vasconcelos; Melo, Mônica Santos de SouzaA pesquisa tem como proposta uma análise das estratégias retóricas, valores e imaginários políticos mobilizados por um político que se identifica como pertencente à direita no ambiente on-line, cujo discurso tem sido marcado por uma dimensão polêmica e tem sido classificado por diversos estudos da Ciência Política e de outros domínios como representante de uma extrema-direita, espectro político caracterizado pela defesa de valores neoconservadores que envolvem questões como a extinção de políticas de combate à homofobia e de percepções inclusivas da entidade familiar e também, por proferimentos de alocuções marcadas pelo que tem sido chamado de “discurso de ódio”. Para tal, foi realizada uma análise quanti-qualitativa de publicações realizadas no perfil oficial de JB no X (Twitter), entre os anos de 2015 e 2022, a fim de analisar de que maneira indiciam valores políticos identificados a um discurso neoconservador. Para o debate proposto, tomamos como base estudos desenvolvidos pela AD de linha francesa, em especial, pela Semiolinguística. Com base na análise proposta, pretendeu-se responder às seguintes questões: quais seriam os traços de um discurso neoconservador brasileiro? Em quais eixos temáticos, recorrências lexicais, estratégias retóricas, ethé, valores ideológicos e imaginários sociodiscursivos ele se baseia? Quais formas linguísticas, escolhas lexicais e expressões formulaicas são utilizadas para evocar tais valores e imaginários? Para responder às questões propostas, as análises foram divididas em duas etapas. Na primeira delas, de caráter quantitativo, objetivamos verificar as recorrências, no plano verbal, indicadoras do que tem sido chamado discurso neoconservador. Na segunda etapa, de caráter qualitativo, foram selecionadas publicações que discorrem sobre polêmicas na esfera pública, ligadas aos eixos temáticos mais recorrentes no discurso de JB, e, em seguida, realizada a análise dos signos-sintomas mobilizadores de sistemas de valores. As análises foram capazes de fornecer sintomas sobre as estratégias argumentativas que têm sido atribuídas a uma extrema-direita brasileira, seus eixos temáticos fundamentais, as principais estratégias retóricas adotadas, assim como a indicação dos valores e imaginários políticos (re) mobilizados ao longo dos anos e que envolvem traços tais como o ataque aos inimigos, a refutação dos discursos pluralistas, a perda de uma origem idílica e suas bases fundamentais, a reciclagem do antigo “anticomunismo”, a intensificação de estruturas agonísticas e da dicotomização que apresenta posições excludentes inconciliáveis.Item Metáforas conceptuais da mulher em três obras de Ziraldo: “Uma professora muito maluquinha”; “The supermãe” e “Meninas”(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2023-12-20) Badaró, Carolina Nascimento Paschoal; Arão, Lílian Aparecida; http://lattes.cnpq.br/3976006976620049; http://lattes.cnpq.br/4303837241053937; Nascimento, Milton do; Ramos, Ivo de Jesus; Coelho, Olga Valeska Soares; Baptista, Patrícia Rodrigues TanuriEsta pesquisa de doutorado em Estudos de linguagens tem como principais objetivos identificar e analisar as metáforas conceptuais da mulher em três obras de Ziraldo – “Uma professora muito maluquinha” (1995); “The supermãe” (1996); “Meninas” (2016) – a fim de compreender como o universo feminino é conceptualizado e representado nesses livros infanto-juvenis. Além disso, esta tese objetiva comparar as metáforas que emergem dessas obras considerando o teor semântico-ideológico e estabelecendo relações entre os conceitos e as metáforas nos referidos textos apresentando as particularidades e/ou similaridades de cada uma ao conceptualizar o feminino. Para isso, embasa-se nos pressupostos teóricos de Lakoff e Johnson (1980, 2002) no que diz respeito às metáforas verbais, mais precisamente, na Teoria da Metáfora Conceptual, bem como as metáforas multimodais, como define a Semiótica Social e, ainda, fundamenta-se na Análise do Discurso Francesa, com destaque para estudos de Pêcheux (1988, 1990, 1997), para analisar como os processos discursivos e imagéticos são construídos de modo a possibilitar que determinada ideologia (Marx e Engels, 2002) sobre a mulher se instaure na sociedade, por meio das metáforas. A ideia de que não existem metáforas absolutas, elas são culturais, portanto, o mapeamento torna-se relevante para as sociedades. Para realizar o mapeamento, categorizei três domínios-alvos que correspondeu a cada livro: MULHER-PROFESSORA-MALUQUINHA (Uma professora muito maluquinha), MULHER-MÃE (The supermãe) e MULHER-MENINA (Meninas). Dessa forma, foram mapeadas e analisadas algumas metáforas conceptuais das obras destacadas de Ziraldo, como: MULHER-PROFESSORA-MALUQUINHA É FADA MADRINHA, MULHER-MÃE É SUPERHEROÍNA, MULHER-MENINA É METAMORFOSE. Por isso, confirma-se a concepção experiencialista tanto dos pesquisadores Lakoff e Johnson assim como de Marx e Engels. Nesse sentido, os resultados desta pesquisa apontaram que apesar de as metáforas não serem absolutas, elas emergem e se reforçam ou não em um determinado grupo social, pois elas afetam e são afetadas pelo contexto cultural no qual se inserem.Item O direito de publicar: autopublicação, fast-publishing e tecnologias digitais no mercado editorial brasileiro(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-11-29) Vecchio, Pollyanna de Mattos; Ribeiro, Ana Elisa; http://lattes.cnpq.br/7474445800716834; http://lattes.cnpq.br/6126068549062032; Ribeiro, Ana Elisa; Lessa, Cláudio Humberto; González, Jenny Teresita Guerra; Domingos, Ana Cláudia Munari; D'Andréa, Carlos Frederico de BritoEsta pesquisa investiga a autopublicação e o advento das tecnologias digitais no mercadoeditorial brasileiro, tendo como foco o autor autopublicado e sua projeção discursiva de si. Aautopublicação é o ato de um autor publicar seu livro ou outro produto editorial de formaindependente, em resposta a uma demanda própria, com ou sem a assistência de uma editoraprofissional ou plataforma de autopublicação e sem riscos financeiros para a empresa contratada(ARAÚJO, 2011; 2013; MÜLLER, 2017; JESUS; BLOTTA, 2018; JESUS, 2017; 2020;VECCHIO, 2020a; 2020b). Uma vez que o mercado editorial está permeado por imagináriossocioculturais que reforçam o estereótipo do autor autopublicado como um profissional demenor valor, pelo fato de suas publicações não terem passado pelo crivo de uma editoraconvencional, entendemos que se trata de um profissional invisibilizado. Assim, esta pesquisautiliza a Análise do Discurso de linha francesa para investigar um conjunto de entrevistas feitascom autores de ficção e poesia autopublicados em plataformas disponíveis no Brasil. Comometodologia, foi feita uma integração de métodos qualitativos e quantitativos de coleta e análisede dados, por meio de uma triangulação de técnicas de pesquisa, quais sejam: a) análisedocumental; b) questionário semiestruturado; e c) entrevistas em profundidade. Na análisedocumental, consideramos como corpus os contratos das plataformas digitais de autopublicaçãocom os autores autopublicados. As entrevistas foram realizadas em duas fases: FASE 1 – umquestionário semiestruturado online aplicado a uma amostra de 380 autores dentro do perfildesejado, a fim de desenvolver um mapeamento da categoria no Brasil; e FASE 2 – uma amostrade vinte entrevistas em profundidade, coletadas e analisadas com técnicas de narrativa de si(ARFUCH, 2010; BERTAUX, 2006), com o intuito de observar a projeção de si dosentrevistados e a forma como os imaginários sociodiscursivos oriundos do mercado editorial edas plataformas se manifestam em suas falas. A pesquisa tem como suporte teoriascontemporâneas da Edição, a Filosofia da Tecnologia e estudos sobre o Capitalismo dePlataforma (SRNICEK, 2016). Em relação à análise dos contratos, revelou-se que há índices deprecarização do trabalho na relação entre as plataformas e os autores, na esteira daplataformização do trabalho e da produção cultural. Em relação aos autores, as projeções de sidos entrevistados revelam, entre outros, os seguintes perfis: a) autores que não têm experiênciano mercado editorial e se enquadram no perfil clientelista descrito por Müller (2017); b) autoresque se submetem às lógicas algorítmicas de funcionamento das plataformas e produzemmercadoria cultural contingente (POELL; NIEBORG, 2018); e c) autores que demonstram umavisão crítica de si, de sua função como autor independente, do papel desempenhado pelaplataforma dentro do mercado editorial e que se apropriam da tecnologia a seu favor, a fim dealcançar uma realização humana que aqui argumentamos que seja fundamental para muitoshomens e mulheres, em todo o mundo e ao longo da história: o direito de publicar. Comoresultado da pesquisa, buscando contribuir para melhor compreensão sobre a autopublicaçãodigital no Brasil e seus desdobramentos para o futuro do campo da Edição, propomos ecomplementamos três concepções: 1) a Fast-publishing, o modelo como o capitalismo deplataforma se manifesta no mercado editorial e na literatura; 2) o Coletivismo de plataforma,um efeito colateral não previsto pela fase atual de desenvolvimento da tecnologia e que sebaseia na sua apropriação e possível subversão por parte de seus usuários; e 3) o Autor-Editor,o perfil atual de um profissional que se torna editor na prática em função de sua atuação comoautor autopublicado.Item O português como língua de acolhimento (PLAc) nas narrativas de mulheres migrantes(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-04-04) Silva, Flávia Campos; Arão, Lílian Aparecida; http://lattes.cnpq.br/3976006976620049; http://lattes.cnpq.br/9505084917656676; Arão, Lílian Aparecida; Osório, Paulo José Tente da Rocha Santos; Leroy, Henrique Rodrigues; Moreira, Carla BarbosaEsta tese refere-se a uma contribuição para a ampliação dos estudos linguísticos sobre a prática de ensino de Português como Língua de Acolhimento (PLAc) no Brasil. Partindo da análise do discurso de mulheres migrantes aprendizes de PLAc, cujas vozes foramsequestradas e impedidas de existir na História das Migrações, o objetivo é, por meio da abertura de espaço para que esse grupo possa dizer-se e compartilhar suas experiências nos percursos e procedimentos migratórios, verificar que tipo de configuração éconstruída sobre esse ensino de Português que está posicionado como uma das poucas formas de agenciamento linguístico no nosso país. Assim, esta investigação está dedicada a 1) Caracterizar o ensino de PLAc no Brasil e no CEFET-MG; 2) Verificar se e como o PLAc participa do processo de reconstrução identitária das mulheres migrantes na sociedade da acolhida; 3) Analisar se e como o PLAc tem contribuído para uma (re)configuração discursiva de padrões de sociabilidade e para a construção de outras inteligibilidades por meio do acesso à língua 4) Comparar se o discurso da mulher migrante aprendiz do curso de PLAc condiz com a proposta de ensino dessa prática socioeducativa que está posicionada como uma abordagem estruturada com vistas ao cumprimento de uma função social, humana, política, crítica e transgressiva. O percurso de trabalho é iniciado por uma tentativa de (des)estabilização discursiva da atual configuração migratória que tem enxergado formas de agenciamento quase exclusivamente pelo viés da problemática (MARTINS, 1998; ELHAJJI, 2011; BAUMAN, 2017). Na sequência, o contexto sócio-histórico em que a migração feminina no Brasil e no mundo começou a ser (re)significada e os reflexos de um tímido reconhecimento da presença da mulher nos fluxos será analisada (ASSIS, 2003, 2007; BOYD; GRIECO, 2003; USHER, 2005; MARINUCCI, 2007; BASSANEZI, 2012; MATOS et al., 2018). No curso da investigação, será realizada uma reflexão sobre os conceitos de PLAc de modo a apontar sua importância em um quadro de ausências de políticas linguísticas de Estado para migrantes de crise no Brasil e verificar seu (suposto) potencial emancipatório e participação no processo de (re)territorialização do sujeito migrante no novo endereço de domicílio (AMADO, 2011, 2013, 2016; BARRANTES, 2015; MARQUES, 2018; ARANTES ET AL., 2015, 2016, 2017; PEREIRA, 2016; VESCHI, 2017; HARTWIG; SILVA, 2017; GROSSO ,2010; VIEIRA, 2010; REZENDE, 2010; SÃO BERNARDO, 2016; LOPEZ, 2016; CAMARGO, 2019; BOTTURA, 2019)–abordagens que têm problematizado a dinâmica de funcionamento do PLAc (SANTOS, 2000; ANUNCIAÇÃO, 2017, 2018; LOPEZ, 2018; DINIZ; NEVES, 2018), com vistas à ampliação da compreensão do objeto de pesquisa,também serão contempladas. Dando continuidade à investigação, as teorizações de Spolsky (2004, 2009, 2012); Mariani (2004, 2007), Zoppi-Fontana; Diniz (2008), Zoppi-Fontana (2009), Diniz (2010, 2012) e Oliveira (2007, 2013) serão exploradas de modo a verificar quais são as implicações das políticas linguísticas no funcionamento da língua de acolhimento no Brasil hoje. A análise dos dados da pesquisa será feita com base nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso (PÊCHEUX, 1969, 1971, 1975, 1984, 1990; ORLANDI, 1992, 2001, 2012) e em aspectos conceituais das Narrativas de Vida (BAKHTIN, 1929, 1963; RICOUER, 1997; LEJEUNE 2008; ARFUCH, 2010). Para explorar a narrativização de experiências, os processos de (re)negociação identitária e os modos de subjetivação das mulheres migrantes frente ao fomento da acolhida linguística, oriento-me pelos pressupostos de Foucault (1975, 1984, 1979/1980) e Butler (2015). A metodologia desta tese será conduzida por preceitos da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006); Emancipada (RAJAGOPALAN, 2010); Crítica e Transgressiva (PENNYCOOK, 2001, 2006) e da práxis decolonial (ORTIZ FERNÁNDEZ, 2004; MIGNOLO, 2007; QUIJANO, 2005, 2008; WALSH, 2002, 2005, 2007, 2009, 2013) –escolhas inevitáveis para dar conta da complexidade dos imperativos migratórios e suas subjetividades e (re)direcionar o olhar do/no Sulpara as lutas que se impõem nesse universo de multiterritorialidades tão particulares em que o PLAc se desenvolve.Item O sujeito no lixo: uma análise transversal da representação das protagonistas em documentários(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2021-11-12) Caeiro, Leila Marli de Lima; Silva, Giani David; Jesus, Eduardo Antônio de; http://lattes.cnpq.br/5318807610605332; http://lattes.cnpq.br/8863282319980625; http://lattes.cnpq.br/1006451724433215; Silva, Giani David; Jesus, Eduardo Antônio de; Santos, Simone de Paula dos; Rolim, Wiliane Viriato; Lessa, Cláudio Humberto; Arão, Lilian AparecidaO objetivo deste estudo é compreender como os sujeitos que trabalham em lixões se apresentam e são representados, discursivamente, nos documentários Boca de lixo (COUTINHO, 1992), Estamira (PRADO, 2004) e Aterro (REIS, 2011). Para tanto, construímos uma contextualização abordando a história dos documentários como um gênero híbrido, que se encontra a meio caminho entre o documento e a fabulação, devido à sua estrutura, intermediada entre o artístico, o fílmico e o informativo. Como pilares teórico-metodológicos, recorremos à Análise do Discurso (AD), a partir da Teoria Semiolinguística (TS), de Charaudeau (2013a; 2013b; 2014), que nos forneceu um corpo de conceitos e de categorias, acompanhado de um quadro metodológico, capaz de nos guiar na investigação. Assim, os estudos sobre os sujeitos no discurso, os imaginários sociodiscursivos, o contrato de comunicação e os modos de organização do discurso dos documentários são basilares para nossa análise. A AD, por ser um campo interdisciplinar, permite uma interface com outras áreas do conhecimento que dialoguem com os Estudos da Linguagem. Nossas análises apontaram que os três documentários brasileiros mostram distintas dinâmicas de registro da vida dessas pessoas, e os documentaristas, ao visibilizarem esses sujeitos em sua singularidade, lançaram mãos de estratégias para firmar um posicionamento político e ideológico, do qual todo discurso é portador. Nesse sentido é que se mostrou interessante analisar esses documentários, que se configuram como mecanismos de referência de um memorial sócio-histórico e que dão a conhecer um pouco sobre essas existências mínimas, relegadas à margem social, geográfica, econômica e política. Ressaltamos que os sujeitos entrevistados nos documentários se apresentam e são representados em sua singularidade e não na totalidade de um grupo social, fazendo com que cada documentário assuma um lugar de afirmação da diversidade de experiências, identidades e linguagens. A visibilidade dada ao sujeito do discurso, por meio de sua voz, corpo e presença, fomenta o interesse pela história desse outro que vive em um lugar que parece ser possível de acessarmos apenas de forma mediada. Nossas conclusões indicam que as mulheres protagonizam as narrativas nos documentários e fazem uso da memória, como ferramenta de resgate de suas histórias, e ao visitar o passado, elas buscam imprimir sentido ao tempo presente. Por meio dessa narrativa, esse sujeito sócio-histórico se (re)constitui em seu ambiente de trabalho e doméstico, a partir dos modos de existência nesses espaços em que (sobre)vive. Os aterros e lixões, como lugares para onde são levados os restos recolhidos dos grandes centros urbanos, caracterizam-se ainda como espaços em que diferentes memórias se correlacionam. De um lado, tem-se a memória e história daquele que descartou o objeto; de outro, a memória daquele que, ao se encontrar com esse objeto descartado, ressignifica-o e, assim, ressignifica sua própria história. O documentário, assim, representa o dispositivo no qual essas memórias e histórias foram resgatadas e registradas, constituindo-se, portanto, em uma memória externa dessas narrativas.Item Os imaginários sociodiscursivos e a visão etótica sobre Monteiro Lobato nos livros didáticos de língua portuguesa do ensino fundamental ao médio(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2023-04-18) Amaral, Jussara Maria Leão Coelho; Villela, Ana Maria Nápoles; Lessa, Cláudio Humberto; http://lattes.cnpq.br/0878316792233407; http://lattes.cnpq.br/5289190156958505; http://lattes.cnpq.br/9859213931576709; Arão, Lilian Aparecida; Lage, Micheline Madureira; Leal, Leiva de Figueiredo Viana; Pinheiro, Marta PassosNesta pesquisa, apresentamos uma análise discursiva de oito coleções de livros didáticos de português do Ensino Fundamental I ao Ensino Médio, procurando identificar, a partir dos textos e dos elementos linguísticos e semióticos, os imaginários sociodiscursivos e as visões etóticas construídos sobre Monteiro Lobato, mobilizados para formulação de crenças e opiniões sobre esse autor/cidadão e sua obra. O referencial teórico-metodológico utilizado para análise dos dados foi constituído a partir da Semiolinguística de Charaudeau (2007, 2008, 2010a, 2010c), também Amossy (2008) e Maingueneau (2008a, 2008b). Para efeitos didáticos, estruturamos nossas análises em cinco seções: (i) Lobato Editor; (ii) Lobato Nacionalista; (iii) Lobato e a Crítica a Semana de Arte Moderna; (iv) Análise da Natureza das Questões Propostas nas Coleções e sua Relação com a Obra Lobatiana; (v) Análise Geral dos Elementos Imagéticos que também contribuem para a construção dos imaginários sociodiscursivos e os ethé presentes no corpus. A partir do corpus selecionado, podemos concluir que esses autores mobilizam e constroem determinados imaginários sociodiscursivos valorizantes, ou não, sobre Lobato e sua obra. A partir dos textos e dos elementos linguísticos e semióticos dos livros do Ensino Médio, podemos projetar os ethé de Monteiro Lobato que emergem dos imaginários sociodiscursivos como sendo de um homem polêmico, conservador e crítico. Nos livros do Ensino Fundamental I são de um homem inteligente, culto, nacionalista, alegre, inovador, criativo e principalmente, perspicaz que foi capaz de explorar um novo mercado livreiro, suscetível a inovações incomuns à época. Esses imaginários são baseados nos saberes de crença de opinião coletiva, uma vez que partem da opinião dos autores deste livro didático que pode divergir das outras coleções que ainda serão analisadas.Item Subjetividade e novos media em tempos de pós-verdade: um olhar analítico-discursivo em torno de (des)construções narrativas na contemporaneidade(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-04-26) Azevedo, Andrey Ricardo; David, Giani; http://lattes.cnpq.br/8863282319980625; http://lattes.cnpq.br/5148457918364443; David, Giani; Lessa, Cláudio Humberto; Andrade, Antonio Augusto Braico; Mendes, Paulo Henrique Aguiar; Xavier, Mariana Ramalho ProcópioInvestigamos, sobaótica da Análise do Discurso(AD), formas outras de subjetividade emergíveis da pós-verdade em tempos de comunicação digital e disputas narrativas no jogo político-eleitoral. O objeto empírico parte das principais fake news propagadas durante as eleições presidenciais no Brasil, em 2018, para um posterior recorte metodológico envolvendo a questão dos valores (moral) e a temática do "kit gay", amplamente explorada durante o pleito. A problemática da subjetividade torna-se oportuna e instigante, neste caso, por apresentar lacunas ainda não suficientemente exploradas noâmbito da AD, sobretudo, da Teoria Semiolinguística, de Charaudeau, centrada na ideia de um sujeito dotado de autonomia. O caminho primeiro foi questionar essa autonomia, a partir de particularidades desse novo contexto capitaneado pelas fake news, que pudessem "subverter" elementos considerados basilares na teoria do sujeito charaudeana. Paralelamente, incorporamos à pesquisa, em perspectiva interdisciplinar, aportes teórico-metodológicos que pudessem cobrir eventuais lacunasnão previstas na Semiolinguística, como observar a recepção a partir de ideias trazidas por Benjamin(choque)e/ou Dunker (psicanálise). Buscamos explorar a questão do ethosem frentes distintas, bem como refletir sobre a dimensão ética com base em Marie-Anne Paveaue Foucault, entre outros autores. De Foucault, extraímos também importantes reflexões em torno das noçõesde poder, regimes de verdade e da própria concepçãode sujeito.Entre os resultados até aqui, vemos que o entendimento sobre a subjetividade, no ambiente das fake news, transpõem alguns "limites analíticos" previstos na Semiolinguística. Isso é perceptível, por exemplo, na medida em que o reconhecimento do contrato de fala fica comprometido, camuflado como se fosse de informação (midiático). Nessa mesma esteira, percebemos em jogo estratégias tendentes a "falsear" um equilíbrio, na organização dos saberes, desejável para o constructo das representações sociais e, por conseguinte, para a própria autonomia do sujeito. Referimo-nos, neste caso, na tendência de as fake newsse sustentarem nos saberes de crenças, mas se passarem por um saber de conhecimento. Merece também atenção a esfera da recepção (e seus efeitos), que, no âmbito dasfake newse das redes sociais digitais, deixa-se levar por uma compreensão rasa, distraída, sem muita ambiguidade, no processo interpretativo. Tais aspectos, em si, já denotam um sujeito sobredeterminado pela urgência das leituras e respostas, dos cliquese compartilhamentos, um processo seduzido pela "pulsão" e que nominamos "efeito latente de recepção". Por fim, no domínio externo (ser social), percebemos implícitas nas fake newsestratégias conduzidas por sujeitos que têm um projeto, político-ideológicoe neoconservador, mas que não o revela explicitamente. Vê-se então, embaçadas pelo universo da pós-verdade, construções narrativas consideradas manipuladoras, que limitam a heterogeneidade de vozes, asfixiam a singularidade e a alteridade. Em linguagem foucaultiana, não estaríamos diante de meras disputas pelo poder ou novos regimes de verdade, mas do desejo de se fazer valer um "estado de dominação" e quase aporia que, ao sufocar a liberdade, mostra seu desprezo pela própria dimensão ética.Item Transgeneridade e escrita em si: trajetórias discursivas e construção de subjetividades(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2023-08-28) Cunha, Adriana Maria; Lessa, Cláudio Humberto; http://lattes.cnpq.br/0878316792233407; http://lattes.cnpq.br/8152824355342015; Coelho, Tamires Ferreira; Xavier, Mariana Ramalho Procópio; Azeredo, Luciana Aparecida Silva deEsta pesquisa se baseia na análise da escrita de si de sujeitos transexuais, compreendida enquanto estética de si e tecnologia de resistência em relação à ordem cisheteronormativa que incide sobre corpos e subjetividades. Analisamos a escrita de si empreendida por quatro sujeitos transexuais no livro “Vidas Trans: a coragem de existir”: Amara Moira, Márcia Rocha, João W. Nery e T. Brant. A partir das reflexões de Foucault sobre escrita de si; governamentalidade; biopolítica; regimes de verdade; objetivação e subjetivação, em diálogo com a Teoria Queer e com a Teoria Feminista e Transfeminista, buscamos compreender como estes sujeitos constroem suas subjetividades e afirmam suas identidades transgêneras. Recorremos aos trabalhos de Judith Butler (2010, 2011, 2016, 2017, 2018); Letícia Nascimento (2021); Guacira Lopes Louro (1997, 2020), Jota Mombaça (2017); Preciado (2011, 2022), dentre outros, para pensarmos o fenômeno da transgeneridade e a constituição de sujeitos trans na sociedade. Utilizamos, também, a Teoria Semiolinguística, de Patrick Charaudeau (2004, 2006, 2008, 2008b, 2017), com os conceitos de situação e contrato comunicacional, modos de organização do discurso (descritivo, narrativo e enunciativo) e imaginários sociodiscursivos, para realizar as análises de temáticas discursivizadas por esses sujeitos, além de operacionalizar interpretações das narrativas baseados nos imaginários sociodiscursivos, na observação de ethé, segundo Ruth Amossy (2005), e dimensões patêmicas. Observamos, como a escrita de si, ocorrendo a partir de uma situação de comunicação, recorre aos modos de organização do discurso, a partir dos quais percebemos certos imaginários sociodiscursivos relacionados a essas identidades transgêneras. O que nos leva a compreender que a construção e afirmação das identidades de gênero não é estável, como propõe a lógica binária. O gênero é constituído, também, por atos performativos, sendo algo que se torna e não algo com que se nasce. Por outro lado, sendo essa uma identidade compósita, o gênero é apenas parte da constituição da subjetividade. As narrativas trazem processos de autodescoberta e autoaceitação dos(as) autores(as), configurando, nessa escrita de si, uma parte da subjetivação dos sujeitos, projetando ethé, relacionados a um antes e a um depois do processo transicional, e dimensões patêmicas, como o medo, que passa à alegria, à potência de vida e liberdade com seus processos de transição. Os Modos de Organização do discurso são mobilizados para a realização dos projetos de fala, ressaltando-se o comportamento elocutivo, no Modo Enunciativo, que traz os pontos de vista e visões de mundo dos enunciadores. A pesquisa realizada, assim, mostra não apenas questões relacionadas às identidades trans e sua construção no e pelo discurso, mas, também, o debate, hoje visto, sobre a liberdade de gênero enquanto um direito cidadão. Debate para o qual a Análise do Discurso de linha francesa traz a sua contribuição.Item Vestígios de campanhas de conscientização e educação de trânsito no discurso de motoristas(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2018-12-14) Teodoro, Agmar Bento; Silva, Giani David; http://lattes.cnpq.br/8863282319980625; http://lattes.cnpq.br/5779457327718725; Silva, Giani David; Dias, Dylia Lysardo; Moreira, Carla Barbosa; Arão, Lílian Aparecida; Andrade, Antônio Augusto Braighi; Ribeiro, Renato GuimarãesO objetivo principal desta tese foi avaliar no discurso de condutores de automóveis sobre segurança no trânsito, bem como o discurso que decorre campanhas de conscientização e educação de trânsito. Para tal foi desenvolvido um instrumento de coleta de dados dividido em duas partes. A primeira parte teve como objetivo levantar o perfil dos participantes, tais como: idade, gênero, escolaridade, frequência com que dirige e se já se evolveu em acidente de trânsito. A segunda parte do instrumento foi composta por um roteiro para realização das entrevistas. As perguntas do roteiro foram elaboradas de forma a levar o entrevistado a refletir sobre a temática trânsito. O roteiro foi composto por oito perguntas orientadoras e foi dividido em três partes, baseadas em três efeitos: o emocional, o energético e o lógico. À medida que a entrevista avançava as perguntas se tornavam mais complexas incentivando o participante a refletir sobre o tema. Para análise das campanhas de educação e segurança no trânsito foram selecionadas quatro campanhas produzidas pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em parceria com o Ministério das Cidades, e veiculadas em mídia televisiva. As campanhas escolhidas têm quatro abordagens distintas, a saber: i) chocante, ii) emotivo, iii) técnico/informativo e iv) cômico. Foram realizadas entrevistas com doze motoristas, sendo seis do gênero masculino e seis do feminino. As entrevistas foram gravadas com auxílio de um gravador e posteriormente transcritas para serem analisadas. Com a finalidade de identificar os efeitos das campanhas nos discursos dos motoristas, foram montados dois grupos de participantes: para o primeiro grupo, composto por três mulheres e três homens, as entrevistas foram realizadas sem eles terem assistidos às campanhas selecionadas para o estudo; para o segundo grupo, foi realizada a mesma entrevista, no entanto, antes da entrevista, os participantes assistiram às campanhas. Sendo assim, para esta tese, os corpora para análise são compostos pelos discursos dos motoristas, extraídos com as entrevistas e as campanhas de conscientização e educação de trânsito. O aporte teórico que embasou as análises dos corpora foi a Teoria da Semiolinguística formulada por Patrick Charaudeau. Os discursos dos enunciadores foram analisados por meio da identificação do modo de organização enunciativo e dos imaginários sociodiscursivos. As campanhas de conscientização e educação de trânsito foram analisadas considerando as visadas discursivas. Foram identificadas nas campanhas quatro visadas: i) páthos, ii) informação, iii) incitação e iv) visada de prescrição. Tanto nos discursos dos participantes que assistiram às campanhas, como nas entrevistas dos enunciadores que não assistiram às campanhas foi possível identificar três especificações enunciativas, associadas à modalidade elocutiva, são elas: i) modo de saber, ii) modo de avaliação e iii) engajamento. Para as especificações modo de saber, foi possível identificar as categorias de constatação e de saber. Para o modo de avaliação, verificou-se a presença da opinião e apreciação. Já para a categoria enunciativa engajamento identificou-se a categoria declaração. Examinando os resultados nos dois grupos não há diferenças significativas na recorrência das categorias. O destaque maior se evidencia na categoria de opinião em que no grupo que não assistiu às campanhas há maior recorrência, 88 no total, e no grupo dos que assistiram às campanhas a ocorrência é de 53, uma diferença de 39 %. Em relação aos imaginários sociodiscursivos foi possível identificar, nos dois grupos, três saberes: i) saber de conhecimento de experiência, ii) saber de crença de opinião relativa e iii) saber de crença de opinião coletiva. Em relação ao contexto do discurso os argumentos se apoiam em experiências culturais. Ao comparar os dois grupos, foi possível notar, que para os enunciadores que assistiram às campanhas há uma quantidade maior de conteúdo argumentativo. Além de a quantidade ser maior há uma diferença no teor dos conteúdos, enquanto o primeiro grupo expôs mais sobre as questões físicas do trânsito, considerando-o bom e ruim, o segundo grupo argumentou mais sobre as relações e interações das pessoas no trânsito. As análises realizadas neste estudo, amparadas pelos pressupostos teóricos, permitiram concluir que as campanhas em análise apresentam como principal visada a incitação seguida pela visada patêmica, que funciona como uma forma de conquistar o expectador. Conclui-se também que as campanhas são capazes de proporcionar ao expectador uma reflexão mais profunda sobre o trânsito.