Doutorado em Estudos de Linguagens
URI Permanente para esta coleção
Navegar
Navegando Doutorado em Estudos de Linguagens por Data de Publicação
Agora exibindo 1 - 8 de 8
Resultados por página
Opções de Ordenação
Item O português como língua de acolhimento (PLAc) nas narrativas de mulheres migrantes(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-04-04) Silva, Flávia Campos; Arão, Lílian Aparecida; http://lattes.cnpq.br/3976006976620049; http://lattes.cnpq.br/9505084917656676; Arão, Lílian Aparecida; Osório, Paulo José Tente da Rocha Santos; Leroy, Henrique Rodrigues; Moreira, Carla BarbosaEsta tese refere-se a uma contribuição para a ampliação dos estudos linguísticos sobre a prática de ensino de Português como Língua de Acolhimento (PLAc) no Brasil. Partindo da análise do discurso de mulheres migrantes aprendizes de PLAc, cujas vozes foramsequestradas e impedidas de existir na História das Migrações, o objetivo é, por meio da abertura de espaço para que esse grupo possa dizer-se e compartilhar suas experiências nos percursos e procedimentos migratórios, verificar que tipo de configuração éconstruída sobre esse ensino de Português que está posicionado como uma das poucas formas de agenciamento linguístico no nosso país. Assim, esta investigação está dedicada a 1) Caracterizar o ensino de PLAc no Brasil e no CEFET-MG; 2) Verificar se e como o PLAc participa do processo de reconstrução identitária das mulheres migrantes na sociedade da acolhida; 3) Analisar se e como o PLAc tem contribuído para uma (re)configuração discursiva de padrões de sociabilidade e para a construção de outras inteligibilidades por meio do acesso à língua 4) Comparar se o discurso da mulher migrante aprendiz do curso de PLAc condiz com a proposta de ensino dessa prática socioeducativa que está posicionada como uma abordagem estruturada com vistas ao cumprimento de uma função social, humana, política, crítica e transgressiva. O percurso de trabalho é iniciado por uma tentativa de (des)estabilização discursiva da atual configuração migratória que tem enxergado formas de agenciamento quase exclusivamente pelo viés da problemática (MARTINS, 1998; ELHAJJI, 2011; BAUMAN, 2017). Na sequência, o contexto sócio-histórico em que a migração feminina no Brasil e no mundo começou a ser (re)significada e os reflexos de um tímido reconhecimento da presença da mulher nos fluxos será analisada (ASSIS, 2003, 2007; BOYD; GRIECO, 2003; USHER, 2005; MARINUCCI, 2007; BASSANEZI, 2012; MATOS et al., 2018). No curso da investigação, será realizada uma reflexão sobre os conceitos de PLAc de modo a apontar sua importância em um quadro de ausências de políticas linguísticas de Estado para migrantes de crise no Brasil e verificar seu (suposto) potencial emancipatório e participação no processo de (re)territorialização do sujeito migrante no novo endereço de domicílio (AMADO, 2011, 2013, 2016; BARRANTES, 2015; MARQUES, 2018; ARANTES ET AL., 2015, 2016, 2017; PEREIRA, 2016; VESCHI, 2017; HARTWIG; SILVA, 2017; GROSSO ,2010; VIEIRA, 2010; REZENDE, 2010; SÃO BERNARDO, 2016; LOPEZ, 2016; CAMARGO, 2019; BOTTURA, 2019)–abordagens que têm problematizado a dinâmica de funcionamento do PLAc (SANTOS, 2000; ANUNCIAÇÃO, 2017, 2018; LOPEZ, 2018; DINIZ; NEVES, 2018), com vistas à ampliação da compreensão do objeto de pesquisa,também serão contempladas. Dando continuidade à investigação, as teorizações de Spolsky (2004, 2009, 2012); Mariani (2004, 2007), Zoppi-Fontana; Diniz (2008), Zoppi-Fontana (2009), Diniz (2010, 2012) e Oliveira (2007, 2013) serão exploradas de modo a verificar quais são as implicações das políticas linguísticas no funcionamento da língua de acolhimento no Brasil hoje. A análise dos dados da pesquisa será feita com base nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso (PÊCHEUX, 1969, 1971, 1975, 1984, 1990; ORLANDI, 1992, 2001, 2012) e em aspectos conceituais das Narrativas de Vida (BAKHTIN, 1929, 1963; RICOUER, 1997; LEJEUNE 2008; ARFUCH, 2010). Para explorar a narrativização de experiências, os processos de (re)negociação identitária e os modos de subjetivação das mulheres migrantes frente ao fomento da acolhida linguística, oriento-me pelos pressupostos de Foucault (1975, 1984, 1979/1980) e Butler (2015). A metodologia desta tese será conduzida por preceitos da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006); Emancipada (RAJAGOPALAN, 2010); Crítica e Transgressiva (PENNYCOOK, 2001, 2006) e da práxis decolonial (ORTIZ FERNÁNDEZ, 2004; MIGNOLO, 2007; QUIJANO, 2005, 2008; WALSH, 2002, 2005, 2007, 2009, 2013) –escolhas inevitáveis para dar conta da complexidade dos imperativos migratórios e suas subjetividades e (re)direcionar o olhar do/no Sulpara as lutas que se impõem nesse universo de multiterritorialidades tão particulares em que o PLAc se desenvolve.Item Subjetividade e novos media em tempos de pós-verdade: um olhar analítico-discursivo em torno de (des)construções narrativas na contemporaneidade(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-04-26) Azevedo, Andrey Ricardo; David, Giani; http://lattes.cnpq.br/8863282319980625; http://lattes.cnpq.br/5148457918364443; David, Giani; Lessa, Cláudio Humberto; Andrade, Antonio Augusto Braico; Mendes, Paulo Henrique Aguiar; Xavier, Mariana Ramalho ProcópioInvestigamos, sobaótica da Análise do Discurso(AD), formas outras de subjetividade emergíveis da pós-verdade em tempos de comunicação digital e disputas narrativas no jogo político-eleitoral. O objeto empírico parte das principais fake news propagadas durante as eleições presidenciais no Brasil, em 2018, para um posterior recorte metodológico envolvendo a questão dos valores (moral) e a temática do "kit gay", amplamente explorada durante o pleito. A problemática da subjetividade torna-se oportuna e instigante, neste caso, por apresentar lacunas ainda não suficientemente exploradas noâmbito da AD, sobretudo, da Teoria Semiolinguística, de Charaudeau, centrada na ideia de um sujeito dotado de autonomia. O caminho primeiro foi questionar essa autonomia, a partir de particularidades desse novo contexto capitaneado pelas fake news, que pudessem "subverter" elementos considerados basilares na teoria do sujeito charaudeana. Paralelamente, incorporamos à pesquisa, em perspectiva interdisciplinar, aportes teórico-metodológicos que pudessem cobrir eventuais lacunasnão previstas na Semiolinguística, como observar a recepção a partir de ideias trazidas por Benjamin(choque)e/ou Dunker (psicanálise). Buscamos explorar a questão do ethosem frentes distintas, bem como refletir sobre a dimensão ética com base em Marie-Anne Paveaue Foucault, entre outros autores. De Foucault, extraímos também importantes reflexões em torno das noçõesde poder, regimes de verdade e da própria concepçãode sujeito.Entre os resultados até aqui, vemos que o entendimento sobre a subjetividade, no ambiente das fake news, transpõem alguns "limites analíticos" previstos na Semiolinguística. Isso é perceptível, por exemplo, na medida em que o reconhecimento do contrato de fala fica comprometido, camuflado como se fosse de informação (midiático). Nessa mesma esteira, percebemos em jogo estratégias tendentes a "falsear" um equilíbrio, na organização dos saberes, desejável para o constructo das representações sociais e, por conseguinte, para a própria autonomia do sujeito. Referimo-nos, neste caso, na tendência de as fake newsse sustentarem nos saberes de crenças, mas se passarem por um saber de conhecimento. Merece também atenção a esfera da recepção (e seus efeitos), que, no âmbito dasfake newse das redes sociais digitais, deixa-se levar por uma compreensão rasa, distraída, sem muita ambiguidade, no processo interpretativo. Tais aspectos, em si, já denotam um sujeito sobredeterminado pela urgência das leituras e respostas, dos cliquese compartilhamentos, um processo seduzido pela "pulsão" e que nominamos "efeito latente de recepção". Por fim, no domínio externo (ser social), percebemos implícitas nas fake newsestratégias conduzidas por sujeitos que têm um projeto, político-ideológicoe neoconservador, mas que não o revela explicitamente. Vê-se então, embaçadas pelo universo da pós-verdade, construções narrativas consideradas manipuladoras, que limitam a heterogeneidade de vozes, asfixiam a singularidade e a alteridade. Em linguagem foucaultiana, não estaríamos diante de meras disputas pelo poder ou novos regimes de verdade, mas do desejo de se fazer valer um "estado de dominação" e quase aporia que, ao sufocar a liberdade, mostra seu desprezo pela própria dimensão ética.Item Elementos formativos de um Projeto Educativo de PLAc: dimensões política, pedagógica e admnistrativa(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-09-06) Lopes, Lorena Poliana Silva; Villela, Ana Maria Nápoles; http://lattes.cnpq.br/5289190156958505; http://lattes.cnpq.br/1326999637659366; Villela, Ana Maria Nápoles; Barbosa, Eva dos Reis Araújo; Tosatti, Natália Moreira; Baptista, Patrícia Rodrigues Tanuri; Neves, Liliana de OliveiraEsta tese tem como tema norteador o ensino de Português como Língua de Acolhimento - PLAc para a comunidade migrante forçada no Brasil. O objetivo principal da pesquisa foi investigar e compreender como o ensino de PLAc tem sido planejado e implementado no contexto do brasileiro e, especificamente, no contexto do Distrito Federal, e, ainda, elaborar um caderno de orientação política e pedagógica para o ensino de PLAc no contexto brasileiro. Selecionamos, como objeto de estudo, o Projeto de Pesquisa: Educação e Cultura para indígena, refugiado e imigrante haitiano no Distrito Federal, institucionalizado na Universidade de Brasília. Para seu desenvolvimento, situamos nosso estudo na abordagem qualitativa e na Linguística Aplicada Crítica (Pennycook, 2008; Moita Lopes, 2008), por concebermos a linguística na perspectiva indisciplinar, transgressiva, crítica e preocupada com a mudança social. Adotamos, ainda, outros conceitos teóricos, sendo os principais encontrados no histórico das abordagens e metodologias de ensino de línguas no Brasil (Cunha, 2007; Ramos, 2017, 2021; Almeida Filho, 2011, 2015), no estudo do planejamento educacional (Almeida Filho, 1997; Vasconcellos, 2007), além dos estudos sobre planejamento de políticas públicas (Calvet, 2007; Lima, 2019; Santos, 2016). Metodologicamente, adotamos categorias e índices de análise da Análise de Conteúdo (Bardin, 2003). O corpus deste estudo é composto por três momentos: o primeiro, denominado Produções científicas do Projeto: projeções sobre o planejamento e a prática, foi realizado a partir de leituras de publicações científicas que têm o projeto aqui estudado como objeto de pesquisa; o segundo, denominado Relatórios de atividades: representações do planejamento e da prática, foi realizado a partir da análise de relatórios de atividades do projeto; e o terceiro, denominado Questionários aplicados a participantes e ex-participantes do projeto, foi realizado a partir da análise dos questionários. Após a geração e a análise dos dados, pudemos obter os seguintes principais resultados: i) as abordagens de ensino compatíveis com o ensino de PLAc são a Abordagem de Língua de Acolhimento, a Abordagem Comunicativa, a Abordagem Sociointeracional e a Pedagogia Crítica; ii) a dimensão política indica um alinhamento do projeto com a promoção de uma política pública inclusiva, que visa a inserção e a integração da comunidade migrante forçada na sociedade local; a dimensão pedagógica indica a adoção de metodologias de ensino comprometidas com a interculturalidade, a interdisciplinaridade, a flexibilidade e a aprendizagem colaborativa, sendo o professor um interlocutor, inserido em um contexto de constante diálogo e escuta ativa; a dimensão comunitária e administrativa, indica uma gestão do ensino que prioriza o trabalho colaborativo e a gestão democrática; e iii) o Marco Referencial identificado reforça o compromisso do projeto com a abordagem da Língua de Acolhimento e todas as análises demonstraram que os participantes e ex-participantes do projeto têm ciência desse compromisso. Este trabalho pretende, em suma, contribuir para os processos de elaboração do planejamento de ensino de PLAc em contexto brasileiro, principalmente, por meio do Caderno de Orientação Política e Pedagógica para o ensino de PLAc no contexto brasileiro, disponibilizado nesta tese.Item A edição de periódicos literários de vanguarda em Minas Gerais(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-09-16) Gonçalves, Mário Vinícius Ribeiro; Ribeiro, Ana Elisa; http://lattes.cnpq.br/7474445800716834; http://lattes.cnpq.br/0916039868871127; Ribeiro, Ana Elisa; Carmona, Kaio Carvalho; Guimarães, Júlio César Castañon; Moreira, Paula Renata Melo; Silva, Rogério Barbosa daO tema deste trabalho é a edição de periódicos literários de vanguarda no estado de Minas Gerais. O recorte temporal adotado, panoramicamente, compreende o período que vai dos anos 1920 – quando se pode enfim considerar o acionamento da "função de vanguarda" dentro do projeto de modernidade brasileiro – até o início dos anos 1990 – quando alguns dos próprios agentes da vanguarda mineira e brasileira realizam um balanço das atividades que empreenderam ao longo do século XX. Já para as análises de periódicos individuais, estabelecemos como marco delimitador o fim dos anos 1970. Ao nos indagarmos sobre a especificidade da contribuição mineira em relação à edição de periódicos literários de vanguarda ao longo do recorte temporal adotado, objetivamos realizar extensivo mapeamento desses periódicos, bem como fundamentar qualitativamente o ethos poético-editorial das publicações contempladas a partir do grau de experimentação e ruptura que elas apresentam em relação às convenções subjacentes a seus respectivos elementos constituintes, tanto materiais quanto discursivos. Ao longo do processo, procuramos estabelecer critérios refuncionalizantes que permitam avaliar, diacrônica e sincronicamente, a contribuição dos periódicos analisados em relação ao repertório poético-editorial de dentro e fora de Minas Gerais. Metodologicamente, este estudo tem caráter essencialmente qualitativo, enfatizando a pesquisa documental. Parte fundante da pesquisa transcorreu a partir da consulta às fontes primárias – periódicos, livros e "outras topografias" pertencentes ao recorte em questão – presentes em diferentes coleções, bibliotecas e acervos, públicos ou privados. Ao mesmo tempo, foi necessário realizar o confronto dos levantamentos documentais com toda a pesquisa bibliográfica – isto é, a consulta às fontes secundárias – relativas direta ou indiretamente ao tema. Estabelecido um corpus de publicações pertencentes a nosso recorte temporal e temático, realizamos análises individuais de periódicos estrategicamente selecionados – seja pela sua importância histórica e/ou pela singularidade de sua proposta editorial – para elucidar a problemática de nossa pesquisa. Tais análises valeram-se do agenciamento crítico dos fundamentos teóricos discutidos com os aspectos técnicos específicos à atividade editorial. Logo depois, articulamos mutuamente as análises individuais de periódicos, realizando uma leitura cruzada dos diversos aspectos editoriais escrutinados a fim de delinear, com maior precisão, a especificidade dos periódicos estudados, tomados tanto em conjunto quanto separadamente. Ao articularmos dialeticamente, dentro dos Estudos em Edição, a "ciências das obras" de Pierre Bourdieu com a teoria de alguns dos agentes mais radicais da vanguarda literária brasileira, como Moacy Cirne, Álvaro de Sá e Neide Dias de Sá, crítica e transversalmente complementadas por um referencial de trabalhos pertencentes a disciplinas distintas, como a História, a Semiologia, a Teoria da Informação, a Comunicação e a Tipografia, buscamos estabelecer uma metodologia ao mesmo tempo sólida e dinâmica, oferecendo novo ponto de apoio para reflexões e pesquisas futuras, além de colaborar para o resgate histórico de importante momento de nossa memória recente, recolocado em perspectiva a partir de uma organização funcional renovada e prospectiva.Item O direito de publicar: autopublicação, fast-publishing e tecnologias digitais no mercado editorial brasileiro(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-11-29) Vecchio, Pollyanna de Mattos; Ribeiro, Ana Elisa; http://lattes.cnpq.br/7474445800716834; http://lattes.cnpq.br/6126068549062032; Ribeiro, Ana Elisa; Lessa, Cláudio Humberto; González, Jenny Teresita Guerra; Domingos, Ana Cláudia Munari; D'Andréa, Carlos Frederico de BritoEsta pesquisa investiga a autopublicação e o advento das tecnologias digitais no mercadoeditorial brasileiro, tendo como foco o autor autopublicado e sua projeção discursiva de si. Aautopublicação é o ato de um autor publicar seu livro ou outro produto editorial de formaindependente, em resposta a uma demanda própria, com ou sem a assistência de uma editoraprofissional ou plataforma de autopublicação e sem riscos financeiros para a empresa contratada(ARAÚJO, 2011; 2013; MÜLLER, 2017; JESUS; BLOTTA, 2018; JESUS, 2017; 2020;VECCHIO, 2020a; 2020b). Uma vez que o mercado editorial está permeado por imagináriossocioculturais que reforçam o estereótipo do autor autopublicado como um profissional demenor valor, pelo fato de suas publicações não terem passado pelo crivo de uma editoraconvencional, entendemos que se trata de um profissional invisibilizado. Assim, esta pesquisautiliza a Análise do Discurso de linha francesa para investigar um conjunto de entrevistas feitascom autores de ficção e poesia autopublicados em plataformas disponíveis no Brasil. Comometodologia, foi feita uma integração de métodos qualitativos e quantitativos de coleta e análisede dados, por meio de uma triangulação de técnicas de pesquisa, quais sejam: a) análisedocumental; b) questionário semiestruturado; e c) entrevistas em profundidade. Na análisedocumental, consideramos como corpus os contratos das plataformas digitais de autopublicaçãocom os autores autopublicados. As entrevistas foram realizadas em duas fases: FASE 1 – umquestionário semiestruturado online aplicado a uma amostra de 380 autores dentro do perfildesejado, a fim de desenvolver um mapeamento da categoria no Brasil; e FASE 2 – uma amostrade vinte entrevistas em profundidade, coletadas e analisadas com técnicas de narrativa de si(ARFUCH, 2010; BERTAUX, 2006), com o intuito de observar a projeção de si dosentrevistados e a forma como os imaginários sociodiscursivos oriundos do mercado editorial edas plataformas se manifestam em suas falas. A pesquisa tem como suporte teoriascontemporâneas da Edição, a Filosofia da Tecnologia e estudos sobre o Capitalismo dePlataforma (SRNICEK, 2016). Em relação à análise dos contratos, revelou-se que há índices deprecarização do trabalho na relação entre as plataformas e os autores, na esteira daplataformização do trabalho e da produção cultural. Em relação aos autores, as projeções de sidos entrevistados revelam, entre outros, os seguintes perfis: a) autores que não têm experiênciano mercado editorial e se enquadram no perfil clientelista descrito por Müller (2017); b) autoresque se submetem às lógicas algorítmicas de funcionamento das plataformas e produzemmercadoria cultural contingente (POELL; NIEBORG, 2018); e c) autores que demonstram umavisão crítica de si, de sua função como autor independente, do papel desempenhado pelaplataforma dentro do mercado editorial e que se apropriam da tecnologia a seu favor, a fim dealcançar uma realização humana que aqui argumentamos que seja fundamental para muitoshomens e mulheres, em todo o mundo e ao longo da história: o direito de publicar. Comoresultado da pesquisa, buscando contribuir para melhor compreensão sobre a autopublicaçãodigital no Brasil e seus desdobramentos para o futuro do campo da Edição, propomos ecomplementamos três concepções: 1) a Fast-publishing, o modelo como o capitalismo deplataforma se manifesta no mercado editorial e na literatura; 2) o Coletivismo de plataforma,um efeito colateral não previsto pela fase atual de desenvolvimento da tecnologia e que sebaseia na sua apropriação e possível subversão por parte de seus usuários; e 3) o Autor-Editor,o perfil atual de um profissional que se torna editor na prática em função de sua atuação comoautor autopublicado.Item Graus de independência/dependência (GIDs): um instrumento de análise das práticas e estratégias das casas editoriais brasileiras(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-12-12) Nascimento, Marcos Roberto do; Ribeiro, Ana Elisa; http://lattes.cnpq.br/7474445800716834; http://lattes.cnpq.br/7637526462175133; Ribeiro, Ana Elisa; Oliveira, Luiz Henrique Silva de; Barcellos, Marilia de Araujo; Verano, Paulo NascimentoEste estudo propõe a criação e validação de um instrumento quantitativo de coleta de dados sobre as práticas e estratégias das casas editoriais independentes. Este permitirá medir os Graus de Independência/Dependência (GIDs) dessas editoras em relação às estruturas hegemônicas do mercado editorial capitalista onde a cadeia editorial está inserida. A partir dos GIDs, foi possível distinguir três perfis de casas editoriais independentes: aquelas que estão mais próximas ao centro da lógica do mercado editorial capitalista (GIDAlto); as que estão entre o centro e a periferia do mercado (GIDMédio) e aquelas que estão mais na periferia do mercado editorial capitalista (GIDBaixo), tendo em vista suas práticas e estratégias. Isto é, os GIDs permitem identificar os perfis das editoras de acordo com as posições ocupadas no mercado editorial em relação ao seu centro. Quanto mais próximo do centro, menos independente; quanto mais próximo da periferia do mercado editorial, mais independente. Este resultado corrobora a hipótese levantada na tese de que os GIDs podem variar de acordo com as práticas e estratégias das editoras ao longo de cada uma das etapas da cadeia editorial. A principal referência teórica para o desenvolvimento deste modelo é Thompson (2013), em seu livro Mercadores de cultura. Este estudo contou com o uso de técnicas de análises estatísticas multivariadas para a validação do questionário e a construção dos GIDs. Houve também uma revisão da literatura sobre o conceito de independência. O estudo destaca que a oposição tácita entre editoras independentes e corporações editoriais, além do discurso de defesa da bibliodiversidade, é insuficiente para definir editoras independentes, dada a heterogeneidade de suas experiências e perfis. Destacou-se ainda que o modo de produção editorial independente gera condições de precarização do trabalho, nem sempre percebidas como tal. A pesquisa abriu possibilidades para novas análises sobre o tema, levantou novas questões e agora olha para questões já postas numa outra perspectiva. O modelo proposto precisa ser aperfeiçoado para ampliar sua capacidade de analisar o panorama editorial brasileiro e de outros países numa perspectiva comparada. A concentração do mercado editorial no Brasil responde à dinâmica histórica do processo de concentrações que resultou da reestruturação do capitalismo neoliberal global. Contudo, a sociedade brasileira apresenta outros processos de "concentração" que são reproduzidos no mercado editorial. Por exemplo, aqueles relativos à hegemonia do eixo Rio-São Paulo e às desigualdades social, regional e econômica historicamente estruturadas, expressas na localização das editoras e nos perfis sociodemográficos de seus(suas) proprietários(as). Ocupar uma maior fatia do mercado, sair da periferia, ser reconhecido, ter mais livros circulando, ganhar prêmios, ainda que a meta não seja o centro, porque ele já está ocupado pelas gigantes transnacionais, parece ser o objetivo de muitas casas editoriais que estão na periferia ou gravitam em torno do centro. A ruptura com a lógica concentradora do mercado capitalista requer criatividade e indignação, organização e paixão, coletividades e esperança, utopias e independência. Se, por um lado, é possível falar de vínculos entre edição e literatura (simbólico) e, por outro, falar de vínculos entre edição e mercado (econômico), seria possível criar outros vínculos, outras estratégias, outras práticas, outra história.Item A representação discursiva da mulher nas canções de autoria feminina: uma análise semiolinguística dos imaginários sociodiscursivos na MPB (1970-2020)(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2022-12-22) Rocha, Aline Mara de Almeida; Arão, Lílian Aparecida; http://lattes.cnpq.br/3976006976620049; http://lattes.cnpq.br/1866931907027959; Arão, Lílian Aparecida; Silva, Giani David; Silva, Thiago Cazarim da; Amorim, Marcia Fonseca de; Xavier, Mariana Ramalho ProcópioO objetivo deste trabalho é compreender como são construídos os imaginários sociodiscursivos nas canções de autoria feminina, considerando, principalmente, os modos de organização do discurso, presentes na teoria semiolinguística de Patrick Charaudeau. A relevância do nosso tema se deve às limitações impostas à participação da mulher como compositora pela indústria fonográfica. Além de terem sido silenciadas e pagadas na historiografia até a década de 1940, as mulheres são quase sempre associadas a produções lírico-amorosas, o que faz parecer que seus interesses estão restritos a este campo. De modo a compreender as condições de produção desse conjunto discursivo, recorremos às contribuições da crítica feminista, apoiadas nos estudos de Del Priore (2021), Saffioti (1987), bem como nos estudos de Stuart Hall (2016) sobre representação, discurso e identidade. Outros referenciais, na crítica da música brasileira, especialmente sobre a condição da mulher no contexto musical, completam a lista indispensável para a compreensão da música como um fenômeno sociocultural, é o caso de Santa Cruz (1992), Murgel (2011), López (2003), entre outros. Para escolha das compositoras, utilizamos os critérios constantes no catálogo MPB Mulher (2006): a) originalidade e qualidade estética; b) tamanho e extensão da produção; c) permanência no mercado; d) relevância histórica. Devido à limitação do período abrangido pelo catálogo, com uma única edição publicada em 2006, acrescentamos o critério de indicação ou premiação no Grammy Latino para as compositoras apresentadas após aquele período. Para análise, fizemos o recorte de canções produzidas entre as décadas de 1970-2020, que tratam de temas relacionados ao corpo, ao amor, às relações humanas e socioeconômicas e são escritas somente por enunciadora(s). Observamos, assim, que mesmo em composições de temáticas lírico-amorosas, são perceptíveis as estratégias linguístico-discursivas na reelaboração dos imaginários sociais que possam elevar aquelas temáticas a um patamar político de discussão, no qual a mulher possa ser o sujeito de suas reivindicações e subjetividades.Item Introdução das línguas nacionais no sistema educacional formal do Benin: causas do insucesso da política linguística e ideias de solução(Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2024-03-19) Nouatin, Gbènoukpo Gérard; Parreiras, Vicente Aguimar; http://lattes.cnpq.br/0572931273424168; http://lattes.cnpq.br/3503602133908678; Parreiras, Vicente Aguimar; Dering, Renato de Oliveira; Mendes, Maurício Teixeira; Agossa, Mahulikplimi Obed Brice; Silva, Renato Caixeta daA República do Benin, "ex-"colônia francesa independente desde 1960, possui aproximadamente cinquenta (50) línguas locais ainda dominadas pelo francês, que acumula as funções de única língua oficial e de única língua da educação formal. Após a independência, por diversos motivos, os governos beninenses que se sucederam desde 1971 até recentemente manifestaram a intenção de mudar essa situação, pelo menos, no plano educacional, introduzindo as línguas nacionais beninenses no sistema educacional formal. Alguns chegaram a passar à ação, mas não tiveram êxito. Ademais, desde 2018, um silêncio político se instalou em torno da questão. Essa é a problemática para cuja solução busquei contribuir por meio do meu estudo. Portanto, procurei identificar possíveis causas do fracasso das tentativas de introduzir as línguas nacionais beninenses no sistema educacional formal, desde o início da década de 1970 até hoje, e apontar caminhos para solucionar os problemas inferidos. Assim, fiz um levantamento das ações realizadas ou previstas a cada tentativa; ponderei essas ações a fim de identificar causas do fracasso das diferentes tentativas e, por fim, pensei em soluções para resolver os problemas persistentes até hoje. Para tal, reuni documentos de vários tipos sobre a política linguística educacional objeto do estudo, dos quais extraí os dados da pesquisa, que tratei, por sua vez, com base numa matriz de análise que criei. Ela se compõe de parâmetros identificados na literatura sobre o assunto como fatores de sucesso ou de fracasso, no Benin e em outros contextos geográficos com situações linguísticas similares, assim como em contribuições teóricas de Calvet (1987, 2002, 2021) sobre Política e Planejamento Linguísticos. Em seguida, procedi à interpretação desses dados assim tratados para inferir os resultados da pesquisa. Estes indicam causas políticas e, consequentemente, ideológicas; falta de recursos (humanos, financeiros e materiais) assim como problemas técnicos, relativos ao não ou mau planejamento da política linguística durante determinados períodos e à forma como os planos de ação foram executados durante outras tentativas. Quanto às ideias de solução para esses problemas, inspirei-me nas considerações teóricas supramencionadas bem como em outras, oriundas dos estudos e pensamentos decoloniais: Benin (1983); Diop (1984); Quijano (1992, 2000, 2002); Mignolo (2004, 2017); Maldonado-Torres (2007); Dering (2021) etc. Os objetivos do estudo foram alcançados, o que lhe permite ser útil no Benin e nos países em situações similares. Ademais, ele constitui uma contribuição importante para os estudos de política linguística educacional.